Conversas
Uma dramaturgia da fragmentação
Vol. VII, nº 63, dezembro de 2014
Tradução: Betch Cleinman
Resumo: A entrevista com José Sanchis Sinisterra foi concedida em 2008 no Teatro Poeira (RJ), dentro do contexto da oficina de dramaturgia promovida pelo projeto Puente. Esta conversa aborda algumas questões norteadoras da investigação cênica de Sinisterra, perpassando técnicas de escrita teatral, referências teóricas e a relação entre espetáculo e espectador.
Palavras-chave: José Sanchis Sinisterra, dramaturgia da fragmentação, investigação cênica, espectador
Resumen: La entrevista con José Sanchis Sinisterra fue realizada en 2008 en Río de Janeiro en el Teatro Poeira, dentro del contexto del taller de dramaturgia organizado por el proyecto Puente. Esta charla aborda algunas cuestiones que direccionan la investigación escénica de Sinsterra, permeando técnicas de escritura teatral, referencias teóricas y también la relación entre el espectáculo y el espectador.
Palabras clave: José Sanchis Sinisterra, dramaturgia de la fragmentación, investigación escénica, espectador.
O duelo
Vol. VII, nº 62, junho de 2014
Resumo: Conversa sobre o trabalho da mundana companhia no espetáculo teatral O duelo, adaptação da novela homônima de autoria de Anton Tchekhov, no Instituto do Ator, Rio de Janeiro.
Palavras-chave: Tchekhov, mundana companhia, O duelo, Instituto do Ator
Abstract: Debate about mundana companhia’s work on the theatrical show The Duel, adaptation of Anton Tchekhov’s novel, at Instituto do Ator, Rio de Janeiro.
Keywords: Tchekhov, mundana companhia, The Duel, Instituto do Ator
Duo Beckett
O Projeto Beckett, idealizado por Ana Kfouri, põe em cena duas concepções de espetáculo, explorando o universo ficcional do autor de Godot.
A relação de Ana Kfouri e Isabel Cavalcanti com Beckett não é nova. Em meio à diversidade de projetos e atividades ao longo da carreira (as duas alternam as funções de atriz, diretora e pesquisadora) Samuel Beckett figura, na produção das artistas, de forma expressiva e recorrente.
Ana Kfouri, em 1989, estreou Ponto Limite, sua primeira, de muitas incursões, no universo beckettiano. O texto, escrito em parceria com Lu Grimaldi, contava com a direção de Paulo José e dialogava com a peça que tornou o autor conhecido mundialmente, Esperando Godot. Em 2000, foi a vez da encenação de O Gordo e O Magro Vão Para O Céu, de Paul Auster, autor americano, cujos trabalhos têm, como referência declarada, a obra de Samuel Beckett.
Sonoridades beckettianas
Rubens Rusche é diretor teatral paulistano. Estreou na direção com Katastrophé (1986), composto pelas peças curtas Eu Não, Comédia, Cadeira de Balanço e Catástrofe, montagem emblemática de Samuel Beckett no Brasil. Encenou vários textos do dramaturgo irlandês, em diversas montagens nos últimos 26 anos, entre elas Fim de Jogo (1996), pela qual foi premiado com o APCA 1996 (Prêmio da Associação Paulista dos Críticos de Arte), Crepúsculo (2006), outra compilação de textos curtos, sendo seu mais recente trabalho Oh, os belos dias, que estreou na capital paulista em 2013 e onde também fará temporada em abril de 2014. Dirigiu peças de outros autores e concepções próprias, no entanto, destacam-se as montagens do teatro beckettiano no Brasil.
Modos de dizer
A peça Incêndios, de Wajdi Mouawad, esteve em cartaz no Teatro Poeira no segundo semestre de 2013, com direção de Aderbal Freire-Filho. A seguir, Daniele Avila Small e Dinah Cesare conversam com a tradutora da peça, Angela Leite Lopes.
DINAH: Wajdi Mouawad, na apresentação da dramaturgia de Incêndios, nos diz que escreveu seu texto aos poucos, por meio de relações que estabeleceu com dados que surgiam dos atores durante os ensaios. Tal aspecto encontrou alguma ressonância em sua tradução? Os atores da produção brasileira entraram em contato de algum modo com a tradução durante o processo?
ANGELA: Melhor eu contar como foi o processo de tradução da peça… O Felipe de Carolis, idealizador do projeto, me procurou para encomendar a tradução. Ele ainda não tinha nada fechado em termos de criação do espetáculo: direção, elenco etc. Fiz uma primeira versão da tradução e enviei pra ele. Sempre faço assim: termino a primeira versão e organizo uma leitura durante a qual eu acompanho no original. É o momento de conferir se pulei alguma frase, pedaço de frase ou palavra… É o momento de ouvir o texto em português e testar a partitura rítmica. É o momento também em que alguns sentidos se revelam com mais clareza e que se começa a verificar se algumas opções de estilo estão funcionando e de ir limpando os galicismos. É muito importante pra mim nas primeiras versões (porque é necessário fazer várias revisões da tradução) permanecer o mais próximo possível das opções estilísticas do autor, não ir transformando logo tudo no “em português se diz assim ou se usa isso” porque em teatro muitas vezes algumas expressões idiomáticas são na verdade momentos em que o texto se coloca como elemento de jogo mesmo, como um contracenar, e não está ali simplesmente para expressar uma ideia…