Conversas
A radicalidade do processo coletivo
DINAH CESARE: Quais são as particularidades que envolveram a formação do Pedras?
ADRIANA SCHNEIDER: O Pedras se formou em 2001 a partir de um encontro de atores. Boa parte deles era da Companhia Atores de Laura, eu, o Luiz André, a Georgiana, a Ana Paula e a Helena. A Marina e o Diogo Magalhães trabalhavam com a Christiane Jatahy no Grupo Tal. Nossa intenção era a de dar conta da pesquisa do trabalho do ator, investigar perspectivas distintas. Nós tínhamos muito interesse em oficinas de técnicas do ator. Então, desde sempre, o grupo fez muitas oficinas com outros grupos, como o Moitará para estudar máscaras, com o Enrico Bonavera do Piccolo Teatro de Milão, com o Sotigui Kouyaté, com o Anônimo e as técnicas de palhaçaria, com a Juliana Jardim que tinha uma oficina excelente sobre o bufão e várias oficinas com o Lume. Nós sempre fomos inquietos e queríamos ter estes trabalhos nos Atores de Laura, mas não conseguíamos fazer isto lá por que éramos muito jovens e a criação se pautava por uma estética mais determinada. Mas existia cada vez mais o desejo de, ao invés de estar sempre envolvidos com montagem de espetáculos, poder ir para a sala de ensaio e investigar, experimentar as técnicas e desenvolver alguma coisa a partir destes materiais
A gênese da Vertigem
Conversa com Antonio Araujo, diretor do Teatro da Vertigem, sobre a trajetória do grupo e o livro A gênese da Vertigem – O processo de criação de O paraíso perdido.
Dood Paard: O Judeu
Nota: Foi mantida a grafia do português de Portugal.
“Dood Paard é um coletivo experimental de vanguarda. O grupo trabalha sem diretor. As produções se dão em um processo coletivo, durante o qual os atores trabalham juntos com técnicos permanentes e – dependendo do projeto – com um DJ, escritores, músicos e, muitas vezes, atores convidados.” in: http://www.nl-berkshires.org/art/doodpaard.html
O judeu integrou a programação do Festival de Almada 2011, no Teatro Maria Matos, em Lisboa.
ANA: Na ficha técnica de O Judeu aparece escrito “um espectáculo pelos actores e pelos técnicos”. Como é trabalhar num grupo que se define como um colectivo experimental, a trabalhar sem encenador (1)?
Formação
LUCIANA ROMAGNOLLI: Qual a situação geral da formação de ator no Brasil hoje, numa perspectiva panorâmica?
FERNANDO MENCARELLI: A estrutura da formação de ator, de um ponto de vista panorâmico, passou muito pela formação direta, na prática, que foi tradicional no Brasil por décadas. Primeiro o ingresso no amadorismo e a profissionalização depois. Isso continua a existir, mas já não é predominante. Outra forma de formação está vinculada aos grupos de teatro. A partir dos anos 1970 e nos anos 1980, época de estruturação dos grupos, eles tiveram a preocupação de atuar na formação de atores por um princípio de lógica interna do teatro de grupo, mas também pela necessidade de contribuir com ações para profissionalizar os seus membros. E muitos grupos expandem sua atuação para além desses membros. Outro meio ainda é a formação nas escolas ou centros. Esse é um histórico longo que remete a mais de um século. Foi um projeto do fim do século XIX expandido no século XX. Tanto os centros de formação independentes, quanto aqueles no âmbito de um sistema mais formal de ensino técnico ou universitário (que ainda vem se desenvolvendo). Vivemos um momento especial. Os últimos vinte anos foram multiplicadores de cursos.
Dramaturgia da alteridade
HUMBERTO GIANCRISTOFARO – Para a gente esquentar, queria perguntar como se deu a parceria entre vocês e como isso chegou à ocupação de agora, do Foguetes Maravilha no Espaço Cultural Municipal Sérgio Porto. O primeiro trabalho de vocês juntos foi o Ele precisa começar?
FELIPE ROCHA – Vou contar a minha parte da história. Eu há muito tempo tinha vontade de escrever um texto. Eu estava numa turnê, tinha tempo, daí eu escrevia. Tinha vontade de montar e chamei o Kike [Enrique Dias], com quem eu trabalhava há muito tempo, pra dirigir, mas ele estava muito ocupado. Como eu tinha muita clareza do que eu queria falar, eu achei que seria complicado, estando em cena, dar para um outro diretor que de repente me propusesse uma coisa muito diferente daquilo. Então, achei que talvez o mais legal naquele momento fosse que eu mesmo dirigisse e chamasse alguém para colaborar. Eu e o Alex, a gente já se conhece há muito tempo. Na época que ele chegou ao Rio, ele foi fazer aula com a Dani Lima, que é minha mulher, e trabalhou muito tempo com ela. A gente fez um trabalho com um inglês, o Roberto Pacitti, que esteve aqui, acho que no Panorama…