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Duo Beckett
![BECKETT](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2014/04/BECKET-3-Dalton-Valerio-590x379.jpg)
O Projeto Beckett, idealizado por Ana Kfouri, põe em cena duas concepções de espetáculo, explorando o universo ficcional do autor de Godot.
A relação de Ana Kfouri e Isabel Cavalcanti com Beckett não é nova. Em meio à diversidade de projetos e atividades ao longo da carreira (as duas alternam as funções de atriz, diretora e pesquisadora) Samuel Beckett figura, na produção das artistas, de forma expressiva e recorrente.
Ana Kfouri, em 1989, estreou Ponto Limite, sua primeira, de muitas incursões, no universo beckettiano. O texto, escrito em parceria com Lu Grimaldi, contava com a direção de Paulo José e dialogava com a peça que tornou o autor conhecido mundialmente, Esperando Godot. Em 2000, foi a vez da encenação de O Gordo e O Magro Vão Para O Céu, de Paul Auster, autor americano, cujos trabalhos têm, como referência declarada, a obra de Samuel Beckett.
Eu, ele, e o conflito
![Moi Lui](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2013/01/Moi-Lui-590x393.jpg)
“Aí está uma das razões pelas quais evito falar tanto quanto possível. Porque sempre falo demais ou de menos, o que sempre me faz sofrer […]”.
Samuel Beckett, em Molloy
Falar de Beckett é deixar ver suas lacunas. Moi Lui, adaptação de Isabel Cavalcanti do romance Molloy, está em cartaz no Poeirinha, como parte do “Projeto Beckett”, no qual a atriz Ana Kfouri encena duas peças a partir de obras do autor; a dramaturgia Primeiro Amor, e a adaptação em questão.
Correspondências que ultrapassam os tempos
![Eu é um outro](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2012/08/Eu-é-um-outro_DMV9083-press-590x385.jpg)
A narrativa do espetáculo que está em cartaz no Poeirinha, Eu é um outro, dirigido por Isabel Cavalcanti e com dramaturgia assinada por Pedro Brício, constitui-se de fragmentos que recriam, no palco, a vida particular do poeta francês Artur Rimbaud. Intercalam-se a essas imagens, outros dois episódios que se aproximam do nosso tempo presente, instaurando conflitos que se deixam afetar pelo legado literário do poeta.
Leve tom crítico de uma brincadeira desvairada
![Me salve, musical!](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2011/02/Me-Salve-musical7_foto-CABÉRA-590x367.jpg)
Pedro Brício parece mais disposto a brincar do que a fazer uso do tom crítico em Me salve, musical!, mas, apesar disso, distribui, ao longo desse seu novo texto, diversos comentários relacionados a um modo de entender e, por conseguinte, fazer teatro.
Os personagens principais – o casal George Simas e Alma Durán – já evidenciam, de certa maneira, algumas tomadas de posição. Ele é um diretor de musicais que procura copiar o padrão de realização da Broadway, proposta que limita seu alcance artístico. Essa ambição – não exatamente a de copiar, e sim a de atingir o know how dos espetáculos americanos – é externada com frequência por produtores e diretores contemporâneos. Logo no prólogo, George surge em cena lançando uma provocação ao público: diz que o teatro deve ser encarado como uma diversão escapista cujo principal sentido está em propiciar que se esqueça das agruras do dia-a-dia. Alma, em contrapartida, é uma atriz com vocação para a tragédia, dona de personalidade passional, bem menos disposta a fazer concessões.