Autor Pedro Allonso

Poesia e literalidade no espaço cênico

25 de janeiro de 2012 Críticas
Foto: Divulgação.

A mecânica das borboletas é um espetáculo revestido de camadas referenciais e metafóricas. Enquanto o dramaturgo Walter Daguerre brinca com possibilidades de criar, no âmbito textual, situações cênicas sustentadas pela poesia e pela literalidade no conflito entre duplos (dois irmãos, duas formas de encarar o mundo, duas maneiras possíveis de leitura dos símbolos), a direção de Paulo de Moraes opera, no desvelamento gradativo dos signos visuais, a estabilização de uma assinatura estética, possibilitando ao espectador que acompanha a trajetória do diretor em seus últimos trabalhos, o reconhecimento estilístico dos efeitos produzidos por suas escolhas junto aos demais elementos materiais da representação.

Traços de um mapeamento afetivo

26 de dezembro de 2011 Críticas
Foto: Divulgação.

Susuné, recente pesquisa cênica da atriz Carolina Virgüez, sob a direção de Antônio Karnewale, é uma potência, é uma necessidade de transformar o espaço de atuação numa área de livre trânsito, onde os vetores da memória são lançados nas mais variadas direções, onde se concentram fluxos alternados de temporalidade, resgate e recriação do passado, densidades, sonoridades e ritmos de voz, de som e de fala estrangeiros. Trata-se de um solo em que se denota uma inquietação bastante peculiar da atriz na concepção e realização de um projeto autoral, no sentido de trazer, para o plano estético, elementos que entrelaçam à ficção muito de sua vida particular, onde a personagem se confunde com a sua intérprete, ou melhor dizendo, onde a intérprete se coloca na situação de personagem de sua própria existência, tanto na Colômbia, país de origem de Virgüez, como no Brasil.

O espaço teatral como zona de conflito estético

27 de novembro de 2011 Críticas
Julia. Foto: Gui Maia.

Julia, título do mais recente trabalho da diretora Christianne Jatahy, expõe o clássico da dramaturgia universal, escrito pelo sueco August Strindberg, Senhorita Julia, às cisões, deslocamentos e produções de sentido via conexão entre as linguagens teatral e cinematográfica. É sobre esse enfoque estilístico que a análise da peça irá se debruçar.

Afirmar somente que Julia é cinema dentro do teatro é meio redundante e explica muito pouco ou quase nada sobre a complexidade que se engendra no espaço de atuação, principalmente no que tange ao olhar, no que se refere à potência com que as imagens se oferecem à visão do espectador, determinando suas escolhas.

Amor e impressões materiais da cena

27 de novembro de 2011 Críticas
Fragmentos. Foto: Jorge Bispo.

Histórias de amor parecem não esgotar possibilidades de criação ficcional no cenário teatral carioca nas temporadas que estão ou já saíram de cartaz nesse segundo semestre. As hesitações do indivíduo diante da insegurança e do medo de assumir uma paixão, os relatos subjetivos que denotam a incômoda segurança de uma relação estável, os diálogos que beiram o monológico, em que se manifestam estados de crise de um casal, os momentos nostálgicos do primeiro encontro e a dor da separação tornam-se temas recorrentes em textos constituídos a partir de olhares e perspectivas bastante singulares. Diante desse cenário romântico, as variadas formas de tematizar o amor e os seus desdobramentos oferecem aos espectadores o gosto pela identificação com as situações expostas, permitindo ao público rir ou sofrer junto com o patético, com a mentira, com a falta do que dizer e com a felicidade de um juramento que se propõe eterno.

Uma dramaturgia de instabilidades

20 de setembro de 2011 Críticas
Sílvia Bronstein, Pedro Henrique Monteiro e Branca Messina. Foto: Dalton Valério.

Uma das chaves possíveis para analisarmos a estrutura cênico-dramatúrgica do espetáculo Trabalhos de amores quase perdidos, texto e direção de Pedro Brício, é pensá-las a partir de uma série de tensões, relacionadas a instabilidades ou impossibilidades de certas situações engendrados pelo autor, tanto na esfera ficcional quanto na esfera da criação.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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