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Uma homenagem despretensiosa

23 de fevereiro de 2013 Críticas
Foto: Divulgação.

A reinauguração do Teatro Ipanema, a cargo do coletivo Pequena Orquestra, atualmente encarregado pela ocupação do espaço, contou com uma homenagem a Hoje é dia de rock, a célebre montagem que se tornou uma febre teatral em 1971, marco do grupo liderado por Rubens Corrêa, Ivan de Albuquerque e Leyla Ribeiro. Agora, a Pequena Orquestra volta a evocar a peça de José Vicente através de um projeto conjunto que também reúne integrantes da Cia. das Inutilezas e da Cia. Dani Lima, todos sob a direção da argentina Lola Arias, encarregada ainda da dramaturgia.

Experiência do tempo amoroso

24 de novembro de 2012 Críticas

Tempo, presença, dispositivo, o instante como acontecimento, o fotográfico como parada falseada do tempo contínuo. A continuidade do tempo pode ser messianicamente salva pela parada do instante. O que se quer salvo é o amor, ou a presença do ente amado que faz viver, mesmo que em morte, o ser que ama. Talvez, esse seja o grito surdo que se faz ouvir do espetáculo: o amor como uma experiência revolucionária do tempo. O título se mostra como um truque que nos coloca modos de representação que são omitidos: modos de cinema. O dispositivo é formado pela palavra, pela plástica, pela luz. Um teatro da palavra, mais do que da imagem do cinema classicamente concebida, mas de uma palavra que faz ver, ao mesmo tempo em que subtrai visualidades que não podem ser exercidas em cena, mas podem ser visualizadas em uma relação com a técnica do escorço, ou pelos fragmentos que o desenho luminoso entre o claro e o escuro deixa ver. A escrita crítica não tem outro modo de se realizar a não ser perpassando esse mesmo caminho entre o discurso denunciativo e a subtração de narrativas que cabem na temporalidade imprópria da dramaturgia.

Amor e impressões materiais da cena

27 de novembro de 2011 Críticas
Fragmentos. Foto: Jorge Bispo.

Histórias de amor parecem não esgotar possibilidades de criação ficcional no cenário teatral carioca nas temporadas que estão ou já saíram de cartaz nesse segundo semestre. As hesitações do indivíduo diante da insegurança e do medo de assumir uma paixão, os relatos subjetivos que denotam a incômoda segurança de uma relação estável, os diálogos que beiram o monológico, em que se manifestam estados de crise de um casal, os momentos nostálgicos do primeiro encontro e a dor da separação tornam-se temas recorrentes em textos constituídos a partir de olhares e perspectivas bastante singulares. Diante desse cenário romântico, as variadas formas de tematizar o amor e os seus desdobramentos oferecem aos espectadores o gosto pela identificação com as situações expostas, permitindo ao público rir ou sofrer junto com o patético, com a mentira, com a falta do que dizer e com a felicidade de um juramento que se propõe eterno.

Juventude – o novo em recorte dramático

8 de agosto de 2010 Críticas

A noção de leitura e sua relação com nossos processos de recepção é um forte elemento para a construção das obras contemporâneas que o espetáculo Os inocentes, encenado pelo Brecha Coletivo, formaliza. Criado a partir do livro The holy innocents de Gilbert Adair e tendo como referência o filme Os sonhadores realizado por Bernardo Bertolucci em 2003, o espetáculo é constituído por meio de uma escolha dramatúrgica que privilegiou um elemento caro ao drama que é a relação inter subjetiva dos personagens e como essa relação é propulsora da ação. Essa escolha é um acerto do texto de Julia Spadaccini e Rodrigo Nogueira diante do desafio de realizar uma obra teatral que tem como ponto de partida outras duas obras, uma literária e uma cinematográfica, ambas possibilitando leituras diversas na medida em que são produtos de linguagens distintas. Na literatura, o leitor realiza a construção de imagens particulares que a materialidade das palavras suscita, no filme, a imagem – visualidade – é sua materialidade. Do modo como eu percebo, a dramaturgia de Os inocentes se configura como uma terceira obra, uma espécie de outro original, menos no sentido de uma essência ou de um panorama com qualquer significação vertical ou horizontal das duas obras anteriores e mais no sentido de uma obra que se estende como uma multiplicação.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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