Críticas

Flashes de um exílio subjetivo

15 de abril de 2008 Críticas

 

Atriz: Arieta Correa. Foto: divulgação.

Logo no início de Não sobre o Amor, Victor Shklovsky é atravessado, enquanto dorme, pela imagem de Elsa Triolet (rebatizada, em cena, de Alya), projetada ao fundo do palco. A passagem diz bastante sobre esta nova montagem de Felipe Hirsch, em especial no que se refere à importância do tempo em seu teatro.

Quando a tecnologia é transformada em efeito

15 de abril de 2008 Críticas
Foto: divulgação.

O espetáculo What’s wrong with the world?, em cartaz no Oi Futuro, conforma uma proposta inovadora: quebrar as barreiras geográficas e subjetivas entre os continentes pela cena simultânea no Brasil (Rio de Janeiro) e na Inglaterra (Londres), transmitida ao vivo via internet streaming – “tecnologia que possibilita transmissões ao vivo em broadcasting – rádio, TV e teleconferência.” O espetáculo integra a série Play on earth das companhias Philia 7 e Station house opera, que, em sua primeira edição brasileira, em 2006, contou ainda com a participação da Theatre works, de Singapura. A idéia que o projeto sugere é a de que a pesquisa de linguagem, atualizada em tempo real pela internet e desenvolvida por cada companhia através de suas próprias construções cênico-dramatúrgicas, discuta a virtualidade, a troca de informações por indivíduos distintos e, talvez, a transformação lúdica do nosso conceito de diáspora. Contrariamente a diáspora, que figura os povos (pertencimento) espalhados pelo mundo em comunidades, a proposta do espetáculo parece destruir a noção dessas comunidades como porções subjetivas. O subjetivo é intercontinental.

Dramaturgia e cena – potências em tensão

10 de abril de 2008 Críticas
Atrizes: Cristina Flores e Marcia do Vale. Foto: divulgação.

A feminista Valerie Solanas publicou em 1968 o SCUM Manifesto – Society for cutting up men. Esse manifesto apresenta uma postura radical e contundente, sem disposição para o diálogo, propondo a aniquilação do homem. Solanas, atriz e escritora, foi uma figura incomum, que debateu o capitalismo, mendigou nas ruas e foi bissexual assumida. Porém, a feminista que ficou em nossa memória foi Beth Friedman, que tinha um discurso mais apaziguador, que falava diretamente à dona de casa e acabou tendo como máxima: queimem os sutiãs! Solanas atirou a queima roupa em Andy Warhol no interior da Factory. Warhol nunca se recuperou totalmente. A figura de Solanas e seu manifesto inspiraram a dramaturgia do espetáculo Onde você estava quando eu acordei?, que está em cartaz na Casa do Mercado.

Literatura e teatro, citações e comentários

10 de abril de 2008 Críticas
Foto: Jardel Maia. Atores: Daniela Fortes, Marina Vianna e Leonardo Netto

Toda disciplina ou arte tem, em algum momento, a sua besta negra. A teatralidade já foi a besta negra das artes visuais, o anacronismo é a besta negra para certa noção de História e a literatura é a besta negra do teatro. Não é raro que se diga, ou que se tenha dito, pejorativamente, que determinado espetáculo privilegia o elemento literário em detrimento do teatral.

Entrega e resistência

10 de abril de 2008 Críticas

O espetáculo Cuidado com o cão, em cartaz na sede da Cia do Atores, será analisado aqui a partir das propostas da Cia de Teatro Íntimo, explicitadas no programa da peça:

“Segunda experiência com dramaturgia própria. Seis monólogos são transformados, viram diálogos e resultam num espetáculo vigoroso. Quando duas mulheres buscam se libertar da opressão masculina, a reação é violenta. A direção persegue o essencial e a entrega dos atores é impressionante. Palco e platéia já são uma coisa só. A fragmentação da cena permite várias leituras da história. A luz vai para as mãos de quem assiste. O espectador é que decide o que vai ser iluminado durante o espetáculo e, assim, constrói o seu próprio enredo. Violência e delicadeza se alternam. A proposta da encenação é mais ousada e a intimidade, muito mais veemente.”

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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