Críticas

Morte e vida das hipóteses. Subsistência. Conhecimento. Antropofagia.*

15 de março de 2008 Críticas
Atrizes: Raquel Anastácia e Lúcia Romano. Foto: divulgação.

Uma das características da arte contemporânea é a proposição de um certo embaçamento das fronteiras presentes no estatuto tradicional da experiência de arte, a separação entre a obra e seu comentário. Em outras palavras, este embaçamento significa que o que nos é dado a ver, por um lado faz a afirmação do que vemos, e por outro lado, comenta o que estamos vendo. A sensação do fruidor no meu entendimento é a de uma atividade que transita entre a ilusão, a crença na representação e o seu questionamento. Na linguagem teatral este fenômeno se traduz no teatro narrativo, uma estrutura ficcionalizante que atua no espectador criando espaços internos de atenção para novos sentidos entre o real e o ficcional. Creio que o espetáculo VemVai – o caminho dos mortos é elaborado sob este regime duplo que compõe a dramaturgia, o espaço, a cena e a construção atorial. A questão que se coloca para esta análise tentará se deparar com esta relação.

O movimento vivo da repetição

15 de março de 2008 Críticas
Atriz: Vera Holtz. Foto: divulgação.

Entre as características centrais da dramaturgia de Samuel Beckett está o aproveitamento da repetição – mas não como um elemento cristalizador que impede a transformação. Esperando Godot, seu texto mais conhecido, é marcado por uma estrutura circular que, porém, admite alterações (simbolizadas, por exemplo, pelo surgimento de folhas na árvore ressecada, conforme anuncia a rubrica no início do segundo ato). Em Balanço, encenada por Adriano e Fernando Guimarães dentro da programação formada por peças curtas e performances (reunidas sob o título Resta Pouco a Dizer), também vem à tona a sensação de uma repetição não-viciada, que vai se modificando em meio à impossibilidade de ser interrompida.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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