Críticas

Cena poluída por interferências

10 de dezembro de 2008 Críticas
Atores: Graciela Pozzobom, Ângela Rebello e Emílio de Mello. Foto: divulgação.

Mais do que trazer à tona a carga de não-dito contida nas relações entre as personagens, Tennessee Williams, tanto em suas peças curtas quanto nas mais consagradas, é um dramaturgo voltado para figuras que se distanciam da esfera do real através da criação de universos paralelos, onde passam a habitar. A hóspede da pensão barata de A Dama da Lavanda, uma das três peças que compõem a seleção do espetáculo Quartos de Tennessee (as outras são Fale Comigo como a Chuva… e O que não foi Dito), está diretamente ligada à Blanche Dubois, protagonista de Um Bonde chamado Desejo, no que se refere à construção de um mundo próprio, bem menos cruel que a realidade. Muitas das criaturas de Tennessee parecem atravessadas por uma sensação de permanente desajuste.

Um teatro assombrado por belezas

10 de dezembro de 2008 Críticas
Foto: divulgação.

Um dos espetáculos mais concorridos do 11º Festival de Teatro do Recife, realizado mês passado, foi Assombrações do Recife Velho. Mesmo a apresentação sendo à noite, houve filas se formando em frente ao teatro Armazém desde o princípio da tarde. Há boas razões para este interesse. A primeira: o tema. A montagem é baseada em um livro homônimo de uma das maiores personalidades do Estado  pernambucano, o escritor Gilberto Freyre. A segunda: A companhia  Os Fofos Encenam, que assina a montagem, é de São Paulo, mas boa parte de seu elenco e o seu diretor  Newton Moreno são de Pernambuco.  A terceira: a peça, até então, não havia se apresentado em Recife.

Recortes

10 de dezembro de 2008 Críticas
Atriz: Ludmila Rosa. Foto: divulgação.

Desde outubro deste ano, os grupos Coletivo Improviso e Pequena Orquestra organizam a Operação Orquestra Improviso (www.operacaorquestraimproviso.blogspot.com), ocupação do Teatro Gláucio Gill, com uma programação variada de teatro e dança, com apresentações de cenas curtas, performances, oficinas e espetáculos que fazem parte do repertório de integrantes desses grupos, como é o caso do solo Desabotoa minha gola, com Ludmila Rosa, inspirado na vida de Patrícia Galvão, a Pagu, com direção de Haroldo Rego.

O real e sua esfera de criação

10 de dezembro de 2008 Críticas
Ator: Felipe Rocha. Foto: divulgação.

O teatro contemporâneo se configura cada vez mais por espetáculos que são difíceis de nomear, ou mesmo ajuizar. Ainda mais, porque pensar o contemporâneo como um desdobramento meramente cronológico do moderno implica em não reconhecer a questão de suas especificidades como, por exemplo, o fato de que rupturas formais não são mais tão evidentes como eram nas vanguardas, onde norma e desvio poderiam ser critérios mais pertinentes. Do modo como eu percebo, o espetáculo Ele precisa começar, com dramaturgia e atuação de Felipe Rocha, conversa com este pensamento na medida em que sua particularidade, ou seja, o lugar mais original no qual somos afetados é tão preciso quanto fugidio.

Precisão e cálculo no percurso da Armazém

10 de dezembro de 2008 Críticas
Atores: Thales Coutinho e Patricia Selonk. Foto: divulgação.

A estrada de ferro, principal elemento da cenografia de Paulo de Moraes e Carla Berri, atravessa a pequena cidade que ambienta Inveja dos Anjos. Mas há uma bifurcação na estrada, que parece seguir por um atalho, terminando logo após. Os personagens do novo espetáculo da Armazém Companhia de Teatro “acumulam” estes dois direcionamentos. Por um lado, têm algo de fim de linha, no sentido de portadores de vidas irrealizadas, distantes da concretização de seus sonhos, encasteladas, em alguma medida, em lembranças luminosas. Por outro, são afetados por surpresas capazes de apontar para uma imprevista continuidade.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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