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Laura quer vida eterna ou A tragédia reside em nós

23 de fevereiro de 2013 Críticas
Foto: Divulgação.

O Armazém completou 25 anos em 2012. A marca da água, o último espetáculo estreado em agosto, apresentou ao público cativo da Cia. as particularidades da linguagem cênica criada e consolidada ao longo de tantos anos de história. Quem acompanha o trabalho desses artistas, sabe que suas encenações se ocupam de explorar as relações humanas por meio de uma perspectiva singular, na qual o lirismo e a narrativa são abundantes e fluentes como se fossem próprios ao gênero dramático. E as vidas de suas personagens, geralmente, carregam muito passado, e, por isso, muita memória e muito afeto. Não foi diferente desta vez, porém, com 25 anos, a redescoberta de si parece ser o caminho para a renovação, e nas palavras do diretor Paulo de Moraes: “Não podemos ter medo de morrer afogados”.

Por onde começar?

14 de novembro de 2010 Críticas
Foto: João Gabriel Monteiro.

Por onde começar? – um dia perguntou-se Roland Barthes, tentando indicar aos jovens que iniciam uma pesquisa possíveis percursos a serem trilhados. Ao longo do texto ele distribui preciosas dicas para ajudar novatos a não sucumbir às muitas e muitas tentações – quase inevitáveis, nestes casos – quando se quer abraçar o mundo com as mãos. Nos jovens, ambição e descontrole costumam ser desmesurados.

Antes da coisa toda começar não é uma pesquisa de linguagem, embora tenha demandado à Cia. Armazém longos laboratórios de investigação – o que é, de saída, a proposta de não dormir sobre os louros conquistados. Esta nova criação está organizada em torno das possibilidades existenciais abertas à vida de três jovens que se interrogam sobre seus limites. A dramaturgia leva a co-assinatura de Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes, dupla que já testou suas possibilidades de escritura conjunta em ocasiões anteriores. O que confere ao trabalho – uma estruturação de ações criada em colaboração improvisacional com o elenco – o feitio de coisa de palco; ou seja, um desapego à noção corrente de texto e um investimento rente à cena, um apoio de palavras que, medidas e meditadas, não é simples compilação.

Uma viagem pelo gosto

16 de janeiro de 2009 Críticas
Atrizes: Patrícia Selonk, Verônica Rocha, Simone Mazzer e Simone Vianna. Foto: divulgação.

O espetáculo Inveja dos anjos, da Armazém Companhia de Teatro, proporciona uma experiência que contribui para o exercício do olhar crítico, na singularidade que o constitui como um olhar de fora. No espectro que esse olhar descortina, a perspectiva da qual escrevo é a questão do gosto. Esclareço que o olhar a que me refiro não é aquele que não se afeta, mas por ser distinto do olhar de quem age – o artista – está desobrigado em relação aos eventuais objetivos da obra. Portanto, trata-se de um olhar que não procura por familiaridades ou pelo igual, mas devido ao seu desejo de imparcialidade dá passagem para novos sentidos.

Uma companhia com escrita personalizada

10 de dezembro de 2008 Conversas

Inveja dos Anjos remete a um passado distante, anterior ao surgimento da Armazém Companhia de Teatro, em 1987, em Londrina, com a encenação de Aniversário de Vida, Aniversário de Morte. A estrada de ferro que corta a cidade interiorana, contexto deste novo espetáculo, traz à tona imagens de Cornélio Procópio, onde nasceu o diretor Paulo de Moraes.

De lá para cá, muito tempo passou. Fundada com o inusitado nome de Companhia Dramática Bombom pra que se Pirulito tem Pauzinho pra se Chupar, rebatizada de Bombom e depois de Armazém, a companhia desembarcou no Rio de Janeiro na primeira metade da década de 90 com A Ratoeira é o Gato, encenação que logo conquistou elogios e curiosidade de público e crítica. Não demorou muito para se mudar definitivamente para o Rio, durante a temporada de Sob o Sol, em meu Leito, após a Água.

Precisão e cálculo no percurso da Armazém

10 de dezembro de 2008 Críticas
Atores: Thales Coutinho e Patricia Selonk. Foto: divulgação.

A estrada de ferro, principal elemento da cenografia de Paulo de Moraes e Carla Berri, atravessa a pequena cidade que ambienta Inveja dos Anjos. Mas há uma bifurcação na estrada, que parece seguir por um atalho, terminando logo após. Os personagens do novo espetáculo da Armazém Companhia de Teatro “acumulam” estes dois direcionamentos. Por um lado, têm algo de fim de linha, no sentido de portadores de vidas irrealizadas, distantes da concretização de seus sonhos, encasteladas, em alguma medida, em lembranças luminosas. Por outro, são afetados por surpresas capazes de apontar para uma imprevista continuidade.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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