Críticas

Uma viagem pelo gosto

16 de janeiro de 2009 Críticas
Atrizes: Patrícia Selonk, Verônica Rocha, Simone Mazzer e Simone Vianna. Foto: divulgação.

O espetáculo Inveja dos anjos, da Armazém Companhia de Teatro, proporciona uma experiência que contribui para o exercício do olhar crítico, na singularidade que o constitui como um olhar de fora. No espectro que esse olhar descortina, a perspectiva da qual escrevo é a questão do gosto. Esclareço que o olhar a que me refiro não é aquele que não se afeta, mas por ser distinto do olhar de quem age – o artista – está desobrigado em relação aos eventuais objetivos da obra. Portanto, trata-se de um olhar que não procura por familiaridades ou pelo igual, mas devido ao seu desejo de imparcialidade dá passagem para novos sentidos.

O coração como alvo

10 de janeiro de 2009 Críticas

Através de O Silêncio dos Amantes, o diretor Moacyr Góes parece anunciar uma retomada da linha de pesquisa que vinha desenvolvendo há cerca de 20 anos no Espaço III do Teatro Villa-Lobos. Esta “proposta” desponta no próprio nome escolhido para batizar a nova companhia, Escola 2 Bufões, que remete, imediatamente, ao talvez principal espetáculo realizado pelo diretor naquela época – A Escola dos Bufões, de Michel de Guelderode.

De fato, em O Silêncio dos Amantes, que transporta para o palco quatro contos de Lya Luft (O Anão, O que a gente não disse, Um Copo de Lágrimas e A Pedra da Bruxa) extraídos de seu livro homônimo, Moacyr Góes reedita alguns recursos que evocam montagens apresentadas não necessariamente no período referido. Um bom exemplo é a utilização de objetos em miniatura, que traz à lembrança a sua versão de Peer Gynt, de Ibsen. Entretanto, muito mais do que no final da década de 80 e na primeira metade dos anos 90, o diretor demonstra agora querer falar ao coração do espectador.

Palhaço de nariz sutil

15 de dezembro de 2008 Críticas
Atores: Henrique Stroeter e Carolina Tilkian. Foto: Luiz Doroneto.

Vaca de nariz sutil é a segunda adaptação de um romance de Campos de Carvalho que faz temporada no Teatro Poeira. No entanto, é difícil ver rastros e O púcaro búlgaro, encenado por Aderbal Freire-Filho em 2006, nesse espetáculo dos parlapatões que veio para cá depois de fazer temporada em São Paulo. A adaptação do grupo paulista buscou transformar o romance para a cena, opção oposta àquela do romance em cena de Aderbal. Para o público carioca, a experiência de assistir a essas duas montagens é interessante. É possível ver caminhos bem distintos para a encenação do universo de Campos de Carvalho e pensar a relação entre cada romance e cada peça.

Do livro ao palco

15 de dezembro de 2008 Críticas
Atores: Nilton Bicudo e Maria Manoella. Foto: Lenise Pinheiro.

A produção paulista O natimorto, adaptação do romance de Lourenço Mutarelli feita por Mario Bortolotto – que também assina a direção – veio fazer temporada no Rio de Janeiro, assim como as peças Vaca de nariz sutil, texto de Campos de Carvalho encenado pelos Parlapatões, e Hotel Lancaster, texto de Bortolotto dirigido por Marcos Loureiro. Vaca de nariz sutil encontrou seu lugar no Teatro Poeira, palco de estréia de outro romance de Campos de Carvalho, O Púcaro búlgaro, encenado em 2006. Já Hotel Lancaster foi inserido na programação da Sala Multiuso do SESC, espaço que acolhe, vez por outra, espetáculos pouco convencionais. Até aqui, é possível ver uma combinação de situações favoráveis para a vinda destas três peças de São Paulo para o Rio. No entanto, O Natimorto veio fazer temporada no Teatro do Leblon, que não parece ter o perfil do espetáculo.

Homenagem à paródia

15 de dezembro de 2008 Críticas

Em um texto publicado há pouco, comentei que o teatro carioca apresentou, recentemente, alguns trabalhos solos bem interessantes. Esses trabalhos colocavam em movimento alguns pressupostos estabelecidos sobre nossas noções de atuação e de construção de personagem e permitiam que os atores trouxessem à tona, na materialidade da cena, suas teatralidades particulares. Parece, no entanto, que o público, de um modo geral, tem um certo preconceito contra monólogos. É como se a idéia de monólogo fizesse vir à mente o enfado de um discurso pedante, de um depoimento ou, quem sabe, de alguma espécie de sermão. E é justamente com o formato de sermão que a peça The Cachorro Manco Show brinca, misturando-o com outros formatos monológicos, em voga nos dias atuais: a stand-up comedy dos palcos e a fala dos pedintes das ruas.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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