Através de O Silêncio dos Amantes, o diretor Moacyr Góes parece anunciar uma retomada da linha de pesquisa que vinha desenvolvendo há cerca de 20 anos no Espaço III do Teatro Villa-Lobos. Esta “proposta” desponta no próprio nome escolhido para batizar a nova companhia, Escola 2 Bufões, que remete, imediatamente, ao talvez principal espetáculo realizado pelo diretor naquela época – A Escola dos Bufões, de Michel de Guelderode.

De fato, em O Silêncio dos Amantes, que transporta para o palco quatro contos de Lya Luft (O Anão, O que a gente não disse, Um Copo de Lágrimas e A Pedra da Bruxa) extraídos de seu livro homônimo, Moacyr Góes reedita alguns recursos que evocam montagens apresentadas não necessariamente no período referido. Um bom exemplo é a utilização de objetos em miniatura, que traz à lembrança a sua versão de Peer Gynt, de Ibsen. Entretanto, muito mais do que no final da década de 80 e na primeira metade dos anos 90, o diretor demonstra agora querer falar ao coração do espectador.