Autor Daniel Schenker

O passado eternizado

21 de maio de 2013 Críticas
Foto: Divulgação.

O projeto de O que você mentir eu acredito está fundado numa operação de Felipe Barenco sobre diversos contos de Caio Fernando Abreu. O autor realiza uma apropriação literária, recortando frases de seus contextos originais e inserindo-as numa nova configuração dramatúrgica. As frases são reunidas numa história única, que, contudo, preserva um caráter fragmentado.

Felipe Barenco expõe um painel de acidentada comunicabilidade familiar entre integrantes de diferentes gerações. Logo no começo da apresentação, os tempos mortos sobressaem através de um silêncio decorrente de um modo de funcionamento em que o principal não é verbalizado. Entretanto, para além desse enredo generalizante, o autor especifica questões. Em cartaz no Teatro Sesi, O que você mentir eu acredito se revela como uma peça sobre o descompasso temporal vivenciado por personagens que permanecem atrelados a uma tragédia ou que se conscientizam tarde demais de terem desperdiçado um período impossível de ser recuperado. Apesar de não possuírem obviamente acesso ao passado, os personagens se mostram estacionados nele.

O valor do sugestivo

7 de maio de 2013 Críticas
Foto: Layza Vasconcelos.

Boi é um trabalho concebido a partir da utilização expressiva de recursos escassos. Em cena há apenas uma mesa e dois panos, um preto e outro vermelho. A natureza genuinamente teatral do projeto já se evidencia no modo com que esses poucos elementos são manipulados para sugerir variadas imagens numa encenação em que o insinuado vale bem mais do que o concretizado.

Único ator presente no palco, Guido Campos Correa se multiplica entre determinados personagens ao contar a história de Zé Argemiro, rapaz da roça que trava vínculo inquebrantável com o boi Dourado, a despeito das restrições da mãe e da fúria da mulher, Das Dores, que se sente desfavorecida diante do animal.

Intimidade em foco

30 de abril de 2013 Críticas
Foto: Divulgação.

Prazer desponta como um espetáculo de grupo, menos por evidenciar a conexão dos atores em cena ou uma pesquisa artística amadurecida (ainda que tais características estejam presentes, em medida considerável) e mais por uma das questões centrais realçadas na encenação: a dificuldade de abordar esferas íntimas, mesmo entre amigos de longa data. Quando os assuntos privados vêm à tona, o desconforto rapidamente se instala. No informal reencontro marcado pela vibração passional, a tentativa inicial é a de tangenciar temas desestabilizadores.

A cena invisível

28 de abril de 2013 Críticas
Foto: Divulgação.

In_trânsito confronta o público com uma aparente ausência da cena. Esse projeto itinerante viabilizado em trens da Central do Brasil e nas estações de Manguinhos, Triagem e Bonsucesso não é “simplesmente” estruturado a partir da realização de cenas em espaços não-convencionais. Existe uma notada intenção de valorizar a escuta em detrimento da visão e, desse modo, investir na imaginação da plateia.

Teatro de grupo em primeiro plano

9 de abril de 2013 Críticas
Os bem-intencionados. Foto: Divulgação.

FESTIVAL DE CURITIBA

A programação do Festival de Curitiba vem passando por uma bem-vinda transição que ficou mais evidente nessa edição devido, principalmente, à consistente seleção de espetáculos para a Mostra Oficial, que privilegiou o teatro de grupo. Celso Curi, Lúcia Camargo e Tania Brandão, responsáveis pela curadoria, selecionaram trabalhos das companhias Armazém (A marca da água), Atores de Laura (Absurdo), Teatro da Queda (Breve), Brasileira (Esta criança), Hiato (Ficção), Club Noir (Haikai), Clowns de Shakespeare (Hamlet), Opovoempé (O espelho), Esplendor (O homem travesseiro), Espanca! (O líquido tátil), Lume (Os bem-intencionados), Parlapatões (Parlapatões revisitam Angeli), Luna Lunera (Prazer) e Balagan (Recusa).

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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