Atores: Susana Ribeiro e Gustavo Gasparani, à frente. Foto: Cabéra

Pedro Brício parece mais disposto a brincar do que a fazer uso do tom crítico em Me salve, musical!, mas, apesar disso, distribui, ao longo desse seu novo texto, diversos comentários relacionados a um modo de entender e, por conseguinte, fazer teatro.

Os personagens principais – o casal George Simas e Alma Durán – já evidenciam, de certa maneira, algumas tomadas de posição. Ele é um diretor de musicais que procura copiar o padrão de realização da Broadway, proposta que limita seu alcance artístico. Essa ambição – não exatamente a de copiar, e sim a de atingir o know how dos espetáculos americanos – é externada com frequência por produtores e diretores contemporâneos. Logo no prólogo, George surge em cena lançando uma provocação ao público: diz que o teatro deve ser encarado como uma diversão escapista cujo principal sentido está em propiciar que se esqueça das agruras do dia-a-dia. Alma, em contrapartida, é uma atriz com vocação para a tragédia, dona de personalidade passional, bem menos disposta a fazer concessões.