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Vida e arte em suspeição

23 de agosto de 2012 Críticas
Foto: Divulgação.

Inglaterra – versão brasileira, dirigida por Bel Garcia e com texto de Tim Crouch, materializa questões latentes do mundo atual em um nível de entrelaçamento que causa, no mínimo, nossa perplexidade. Reconhecer que o curso dos acontecimentos é entrecortado pelo intempestivo é um processo doloroso. Compreender ainda que esse curso é interrompido por coisas que estão imersas em uma dimensão sem territórios definidos pode ser avassalador. A peça expõe a crueza do poder financeiro em que o comércio se solidariza com a noção de arte, sendo ambos importantes elementos que fomentam o par vida/morte. Existe um refinado jogo de imagens tensionadas entre o que se apreende com os termos agradecimento e reconhecimento.

Meios que encarnam a fala

17 de julho de 2012 Críticas
Foto: Dalton Valerio.

A peça Matamoros, idealizada por Maíra Gerstner e dirigida por Bel Garcia, encena o conto de Hilda Hilst Matamoros (da fantasia), que conta a história de uma menina pelo viés da sua sexualidade em confronto com a porção familiar, a herança dos modos de ser e agir em tudo aquilo que acaba dando um contorno para o vivido. As trajetórias de mãe e filha se entrelaçam por acontecimentos da relação de afeto das duas, ainda na infância, que tenta reposicionar a sexualidade da menina. Mais tarde, ambas se verão na disputa por um mesmo homem. Isso faz com que apareça uma experiência que transita entre o desejo e um florescimento da vida e a inevitável sensação de morte que acompanha o novo quando faz desabar aquilo que parece nos prender. A morte surge como elemento inevitável de todas as promessas daquilo que é vivo. Dá-se uma espécie de encarnação da maternidade e da finitude pelo lado da apreensão da filha, ao mesmo tempo em que sua criação de fantasia propõe um falseamento que renova os significados da relação entre as duas.

“A vida é perto”

30 de setembro de 2011 Críticas
Maria Eduarda e Gregório Duvivier. Foto: Theodora Duvivier.

Com a distância física não se brinca. Será? Depois de tantos emails trocados e conversas em chats nas quais a prioridade era saciar a curiosidade sobre vida do outro, a escritora Ana, personagem da estreia dramatúrgica de Gregório Duvivier e Clarice Falcão, descobre o quanto de ficção pode haver por detrás da tela do computador.

Em meio à ansiedade de não conseguir escrever seu segundo livro, Ana vê num fã que se aproxima virtualmente, John, a oportunidade de disfarçar o “ócio criativo” como “tempo ocioso” enquanto a inspiração não chega. Assim sendo, começa a estabelecer um tipo de amizade virtual com John, um rapaz viajado, que não se fixa em país algum, com um humor bacana, rico, e que parece ser sincero.

Corações comovidos… e outras histórias

25 de junho de 2011 Críticas

O texto que segue foi publicado no Jornal do Brasil em 13 de maio de 2009, durante a primeira temporada desta peça, que estreou no Oi Futuro Flamengo e agora reestreia no Teatro Nelson Rodrigues. Para esta edição, foram modificadas as informações sobre a temporada e outros detalhes, mas foram mantidos o formato e a extensão, característicos da crítica escrita para o jornal impresso.

Esqueça as fantasias de personagens da Disney, as peças infantis que imitam filmes que todo o mundo já viu e as insossas histórias de princesas. Em cartaz Teatro Nelson Rodrigues para uma curta temporada, A mulher que matou os peixes…e outros bichos passa longe da mesmice do teatro infantil. Não sobra um clichê pra contar a história. Aliás, a peça também não segue o protocolo que determina que, para fazer uma peça infantil, é preciso contar uma história. Ela conta várias: a da mulher que matou os peixes, do gato acertadamente apelidado Pinel, de vários cachorros que não estão mais entre nós, de uma macaca que também não teve vida longa, enfim, a peça reúne uma série de relatos improváveis para o divertimento. A morte dos bichos de estimação, um dos fatos da infância que parece sacudir a forma como as crianças veem o mundo, é um tema que permeia toda a peça. Mas sem apelação para a choradeira. Pelo contrário.

Presença que escapa

27 de julho de 2010 Críticas

 

Atrizes: Bel Garcia e Marina Vianna

Em sintonia com uma das principais propostas da Cia. dos Atores, Devassa desponta como uma desconstrução de um texto original – no caso, Lulu, de Franz Wedekind, já transportado para o cinema por G W. Pabst. A diretora Nehle Franke e os atores se preocuparam em entrar em contato com a integridade da obra original antes de dissecá-la em cena. É interessante acompanhar a perseguição dos personagens por uma Lulu, que, mesmo quando parece ter sido dominada, escapa, sempre fugidia, das mãos de seus controladores.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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