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Descendo a escada

24 de dezembro de 2015 Críticas

Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf

Resumo: o autor tece considerações sobre A escada de Jacó, da companhia Studio Stanislavski, montagem que estreou em agosto de 2015, no SESC Copcabana. Trata-se de uma reflexão sobre as imagens produzidas pelo espetáculo, que reverberam um substrato insondável, porém fundamental, da cultura brasileira.

Palavras-chave: imagem, cultura brasileira, estranho

Abstract: the author gives thought to A escada de Jacó, work by Studio Stanislavski company, premiered in august 2015 in SESC Copacabana. The text is a reflection on the images produced by the presentation, which reverberate an inscrutable substract of Brazilian culture, but certainly a fundamental one.

Keywords: image, Brazilian culture, uncanny

 

A Celina Sodré, pela atenção.

Jacó sonhara com uma escada. Por ela, anjos transitavam entre o céu e a terra, levando aos homens a mensagem de nosso Senhor. Próximo aos degraus mais baixos, o homem deveria manter seu horizonte no ponto mais alto da escada, onde estaria Deus guardando a entrada de seu reino divino. No simbolismo da escada de Jacó, há um inegável sentido ascendente: subindo os degraus, revela-se a verdade por trás do dogma divino, a verdade cósmica superior à imperfeição terrena. Na vida proliferante das imagens simbólicas, percebe-se que essa tendência se dissemina por toda a iconografia e a mitologia cristãs, configurando uma imagem ou estrutura simbólica amplamente reconhecível no mundo ocidental.

A dobra e a separação

27 de dezembro de 2013 Estudos
Farnese de Saudade. Foto: Rodrigo Castro.

Para Dinah Cesare e Manoel Friques (1)

No ano de 2012, estiveram em cartaz na cidade do Rio de Janeiro dois espetáculos teatrais que produziram uma reflexão a partir de experiências de artistas visuais expoentes da arte moderna e contemporânea brasileira: Cara de Cavalo e Farnese de Saudade. A primeira obra cujo texto foi escrito por Pedro Kosovski com direção de Marco André Nunes, deteve-se na obra de Hélio Oiticica, principalmente, no debate acerca arte-violência, criado pelo artista carioca a partir da figura marginal de Manoel Moreira, bandido cuja alcunha tornou-se título da peça. Já o segundo espetáculo se construiu por dramaturgia colaborativa e direção de Celina Sodré, propondo revisitar poeticamente a biografia do artista mineiro Farnese de Andrade, sem se formatar ao discurso biográfico.

Ascensão da multidão ao calvário

21 de julho de 2013 Críticas
Foto: Carlos Biar.

Laboratório Karamázov, que esteve em cartaz por três dias de junho no Instituto CAL de Arte e Cultura, é uma realização que mostra o investimento na formação de atores profissionais proporcionado pela universidade. O espetáculo, dirigido por Celina Sodré, parte de um roteiro livremente adaptado do romance Os irmãos Karamázov de Fiódor Dostoiévski e de fragmentos de Meu marido Dostoiévski de Anna Dostoievskaia. A noção de laboratório que o título materializa é um procedimento que, para a diretora, está intimamente conectado com as experiências desenvolvidas pelo mestre de teatro Jerzy Grotowski, que visavam o desnudamento, ou um processo de revelação dos atores – o nome de sua companhia era Teatro Laboratório. Ao mesmo tempo, a confecção de um roteiro como material originário parece se aproximar do que Grotowski realizou com as dramaturgias/montagens em Akropolis e, posteriormente em Príncipe Constanti, para citar dois exemplos expressivos de seu trabalho.

Teatro documentário

19 de maio de 2013 Críticas
Foto: Daniel Isolani.

Luis Antonio-Gabriela fez uma breve passagem pelo Rio de Janeiro em maio deste ano, na programação do Palco Giratório, no Espaço Cultural Escola Sesc, que fica dentro da Escola Sesc de Ensino Médio, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. O espetáculo já tinha passado pela cidade no segundo semestre de 2011, com duas apresentações no Teatro Gláucio Gill, em Copacabana, na programação do Tempo Festival. Estas foram ocasiões bem diversas, porque o entorno da apresentação do espetáculo, o contexto em que se deram, foram diferentes – e o contexto pode ser bastante determinante para a recepção.

A força do primitivo

27 de janeiro de 2013 Críticas
Foto: Divulgação.

Concebido como um ato de criação conjunta entre artistas, Farnese de saudade, não tenta construir uma linearidade biográfica do artista plástico Farnese de Andrade. A encenação fragmentou os materiais pesquisados sobre Farnese e os colocou em uma montagem, criando uma nova série. Se comumente pensamos que os documentos têm seu valor confirmado por atestarem a veracidade dos fatos, quando um material dito documental é particularizado em uma nova visão, o que acontece é semelhante à construção de um acontecimento. O acontecimento pode ser pensado como um momento em que se dão certas confluências que podemos reconhecer, justamente por sua repetição em nossas experiências, por já termos podido compartilhar de tais sentimentos ou situações anteriormente. O fator importante desta nova série parece ser a confluência das experiências artísticas de seus realizadores na consumação da encenação.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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