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Teatro documentário
Luis Antonio-Gabriela fez uma breve passagem pelo Rio de Janeiro em maio deste ano, na programação do Palco Giratório, no Espaço Cultural Escola Sesc, que fica dentro da Escola Sesc de Ensino Médio, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. O espetáculo já tinha passado pela cidade no segundo semestre de 2011, com duas apresentações no Teatro Gláucio Gill, em Copacabana, na programação do Tempo Festival. Estas foram ocasiões bem diversas, porque o entorno da apresentação do espetáculo, o contexto em que se deram, foram diferentes – e o contexto pode ser bastante determinante para a recepção.
Muitos Baskervilles para um só Nelson
Tenho uma fotografia emoldurada e protegida por vidro, cujo autor desconheço. Tudo que me lembro sobre ele diz respeito à procedência: um francês, contemporâneo – e acrescentei a essa inexatidão de informações um gênero: um homem, por dedução. Ela chegou até mim como presente. No começo não prestava muita atenção. Fiquei em dúvida sobre onde colocá-la, e assim passou mais de um ano guardada atrás de uma pilha de livros. Na indecisão, esqueci-me dela completamente. Foi durante uma mudança, enquanto desencaixotava objetos, que a resgatei de uma caixa, e resolvi trazê-la para a luz.
Distanciamento para abordar a intimidade
A natureza íntima de um projeto como o de Luis Antonio-Gabriela, que desembarcou no Rio de Janeiro para duas apresentações no Tempo Festival das Artes, gerou a necessidade de distanciamento, característica que marca a montagem. Disposto a trazer à tona a sua história familiar – em especial, a relação abortada com o irmão Luis Antonio, que, ao se tornar transexual, migrou para Bilbao, onde viveu durante mais de 20 anos afastado dos parentes mais próximos –, o diretor Nelson Baskerville se valeu de mecanismos de afastamento.