Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf

Resumo: o autor tece considerações sobre A escada de Jacó, da companhia Studio Stanislavski, montagem que estreou em agosto de 2015, no SESC Copcabana. Trata-se de uma reflexão sobre as imagens produzidas pelo espetáculo, que reverberam um substrato insondável, porém fundamental, da cultura brasileira.

Palavras-chave: imagem, cultura brasileira, estranho

Abstract: the author gives thought to A escada de Jacó, work by Studio Stanislavski company, premiered in august 2015 in SESC Copacabana. The text is a reflection on the images produced by the presentation, which reverberate an inscrutable substract of Brazilian culture, but certainly a fundamental one.

Keywords: image, Brazilian culture, uncanny

 

A Celina Sodré, pela atenção.

Jacó sonhara com uma escada. Por ela, anjos transitavam entre o céu e a terra, levando aos homens a mensagem de nosso Senhor. Próximo aos degraus mais baixos, o homem deveria manter seu horizonte no ponto mais alto da escada, onde estaria Deus guardando a entrada de seu reino divino. No simbolismo da escada de Jacó, há um inegável sentido ascendente: subindo os degraus, revela-se a verdade por trás do dogma divino, a verdade cósmica superior à imperfeição terrena. Na vida proliferante das imagens simbólicas, percebe-se que essa tendência se dissemina por toda a iconografia e a mitologia cristãs, configurando uma imagem ou estrutura simbólica amplamente reconhecível no mundo ocidental.