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A dobra e a separação
Para Dinah Cesare e Manoel Friques (1)
No ano de 2012, estiveram em cartaz na cidade do Rio de Janeiro dois espetáculos teatrais que produziram uma reflexão a partir de experiências de artistas visuais expoentes da arte moderna e contemporânea brasileira: Cara de Cavalo e Farnese de Saudade. A primeira obra cujo texto foi escrito por Pedro Kosovski com direção de Marco André Nunes, deteve-se na obra de Hélio Oiticica, principalmente, no debate acerca arte-violência, criado pelo artista carioca a partir da figura marginal de Manoel Moreira, bandido cuja alcunha tornou-se título da peça. Já o segundo espetáculo se construiu por dramaturgia colaborativa e direção de Celina Sodré, propondo revisitar poeticamente a biografia do artista mineiro Farnese de Andrade, sem se formatar ao discurso biográfico.
Arte-violência e a pluralidade de contextos
A peça escrita por Pedro Kosovski e dirigida por Marco André Nunes, que esteve em cartaz no teatro arena do Espaço SESC, em Copacabana, Cara de Cavalo, é um grande desafio de pragmática crítica. O termo pragmática é utilizado em linguística para nomear a ciência que identifica os contextos de produção dos discursos, a fim de construir uma interpretação do significado dos termos, percebendo que esse só pode ser decifrado dentro do campo discursivo no qual está inserido. E a peça em questão pretende, sobretudo, colocar lado a lado a discussão sobre arte-violência através de duas linhas referenciais (às vezes, cruzando as mesmas e outras vezes as separando), aludindo à espetacularização da violência cotidiana nas tragédias cariocas de Nelson Rodrigues e adentrando no discurso sobre arte-violência que foi construído por Hélio Oiticica através da figura marginal de Manoel Moreira – conhecido como Cara de Cavalo.