Autor Raphael Cassou

O mundo contemporâneo em desalento

13 de maio de 2012 Críticas
Foto: Divulgação.

Antes de iniciar, gostaria de deixar duas questões, com suas respectivas respostas, para a reflexão.

1ª questão: Por que o mundo virtual é tão atraente?

Porque é lúdico. É um mundo coerente com a maneira de viver dos jovens, não exige engajamento nem compromisso. Ali qualquer um pode viver uma série de vidas sucessivas sem nenhum compromisso definitivo. As pessoas querem se distanciar da realidade não porque ela seja assustadora ou sem-graça, mas porque ela implica sempre um limite. Além disso, a realidade requer uma identidade, um objetivo mais ou menos claro na vida, ao passo que esses exercícios virtuais não pressupõem nenhuma identidade, nenhuma perspectiva e ainda derrubam todos os limites, incluindo os do pudor e da polidez.

2ª questão: Por que atualmente os casamentos não duram? A vida a dois ficou inviável com o novo arranjo social que igualou os papéis do homem e da mulher?

Pelos padrões vigentes na sociedade atual, nos é recomendado ao longo da vida renovar os objetos dos quais nos servimos. Trocar de carro, de tapetes, de mobília, etc. As relações afetivas acabaram seguindo esse mesmo princípio, dos objetos descartáveis. Elas não resistem a esse apetite de rejuvenescimento e renovação da sociedade contemporânea.

O bardo contemporâneo

4 de fevereiro de 2012 Críticas
Foto: Divulgação.

O pátio central do Arquivo Nacional no centro do Rio de Janeiro foi ocupado, durante o mês de dezembro de 2011, pela peça Penso ver o que escuto, realização da Cia Bufomecânica sob a direção de Fábio Ferreira e Claúdio Baltar. Nesta nova produção, a Cia Bufomecânica – em parceria com a Royal Shakespeare Company – trouxe a público o resultado da pesquisa realizada pelo grupo sobre os dramas históricos de William Shakespeare. O cerne deste estudo cênico está nos reis ingleses do século XV. O ponto de partida é a peça Ricardo II, passando por Henrique IV, HenriqueV, Henrique VI e culminando em Ricardo III. O ponto de intersecção entre essas peças se dá nos intermináveis conflitos entre as dinastias York e Lancaster que se digladiam ferozmente pelo trono inglês, lançando a Inglaterra em uma era de terror e medo. As peças Ricardo II e Ricardo III (escritas provavelmente entre os anos de 1590 e 1595) são o fio condutor da encenação concebida por Fábio Ferreira e Claúdio Baltar.

Reflexão e comicidade sobre a condição humana

30 de setembro de 2011 Críticas
Foto: Divulgação.

“Solidão é lava que cobre tudo
Amargura em minha boca
Sorri seus dentes de chumbo
Solidão palavra cavada no coração
Resignado e mudo
No compasso da desilusão.”

A solidão, ao que tudo indica, parece ter se tornado um dos grandes males dos tempos modernos. O tema aparece com certa recorrência em músicas, livros e no cinema. A escola existencialista acredita que a solidão faz parte da essência do ser humano. Cada pessoa vem ao mundo sozinha, atravessa a vida como um ser em separado e, no final, morre sozinho. Aceitar o fato, lidar com isso e aprender como direcionar nossas próprias vidas de forma bela e satisfatória é a condição humana.

Sweet Tiger Lili à deriva

31 de julho de 2011 Críticas
Elenco de O gato branco. Foto: Divulgação.

Sete desconhecidos, Michel (Bruno Ferrari) um advogado sem escrúpulos, Arthur (Camilo Bevilacqua) um médico sofisticado, a soturna Letícia (Fernanda Nobre), o comandante Tadeu (Leandro Almeida), a dona de casa Ana Paula (Luciana Magalhães), o vigarista Erik (Pablo Falcão) e a professora Vic (Paloma Duarte) recebem um misterioso convite para um jantar a bordo da embarcação Sweet Tiger Lili. Atendendo ao estranho chamado e movidos, sobretudo, pela curiosidade, as personagens embarcam e descobrem que durante o encontro alguém entre eles deverá morrer. Diante desta situação, o grupo descobre que a razão de estarem todos ali é a realização de um julgamento extrajudicial que pretende descobrir qual dentre os presentes é o culpado por um crime acontecido três anos antes. Na tentativa de identificar um culpado, os presentes vão aos poucos revelando que todos ali são mais do que aparentam ser e as máscaras das personagens caem com o desenrolar dos fatos. Todos os passageiros a bordo do Sweet Tiger Lili podem ser culpados ou inocentes. É tudo uma questão de ponto de vista.

“As histórias de hoje não têm clima. É só sacanagem.”

31 de março de 2011 Críticas
Atriz: Martina Gallarza. Foto: Marco Novack.

Os Catecismos segundo Carlos Zéfiro, em cartaz desde o dia 10 de março, no Teatro 2 do Centro Cultural do Banco do Brasil no centro do Rio de Janeiro, e que cumpre temporada até o próximo dia 10 de abril, é uma produção conjunta entre a ClaMa! Cia de Teatro e a companhia paranaense Vigor Mortis. Com direção e texto a cargo do curitibano Paulo Biscaia Filho, o espetáculo presta reverências e justa homenagem àquele que foi o responsável pela alegria dos onanistas de plantão e por boa parte da iniciação sexual dos jovens rapazes dos anos 50, 60 e 70, o cartunista Carlos Zéfiro. Ele se notabilizou por publicar e ilustrar mais de uma centena de revistinhas com conteúdo pornô-erótico que ficaram conhecidos em todo o país como “catecismos” – pois reza a lenda que estas eram vendidas dissimuladamente em bancas de jornais e entregues aos seus compradores escondidas dentro de publicações religiosas.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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