Tag: walter benjamim

Vias abertas por fluxos destrutivos

30 de junho de 2014 Críticas

Vol. VII, nº 62, junho de 2014

Resumo: Este texto trata do espetáculo Pindorama da Lia Rodrigues Companhia de Danças encenado num galpão localizado no Complexo de Favelas da Maré. A visada sobre o espetáculo aborda seus aspectos imanentes em relação com um caráter destrutivo que se aproximaria da noção de Walter Benjamin em texto homônimo.

Palavras-chave: Lia Rodrigues, Walter Benjamin, dança contemporânea

Abstract: This text talks about the presentation Pindorama by Lia Rodrigues Dance Company performed in a warehouse located in the Favela da Maré Complex. The perspective here presented approaches the presentation’s immanent aspects in relation to Walter Benjamin’s notion of the destructive character.

Keywords: Lia Rodrigues, Walter Benjamin, Contemporary dance.

Inventário de afetos viventes

26 de dezembro de 2011 Críticas
Foto: Felipe Araújo Lima.

O espetáculo Estamira – beira do mundo, em cartaz no Porão da Casa de Cultura Laura Alvin, é uma criação em conjunto da diretora Beatriz Sayad com a atriz Dani Barros a partir do filme Estamira de Marcos Prado. Tanto o filme quanto o espetáculo nos mostram singularidades que surgem na vida por meio de atitudes sempre em desvio. Modos de estar que são atravessados pelas determinações dos sistemas e instituições, porém teimam em criar seus próprios percursos de transgreção e de constituição de sentidos inesperados. Assim é que parece se formar a ideia de personagem – e o motivo pelo qual somos atraídos ou distanciados dele – porque são evidências de ações. Talvez seja nossa constante maneira de significar a subjetividade em um endereçamento ao mundo. Entendo que a força da peça Estamira está em sua composição que deixa entrever a conflituosa região de convívio entre as construções ficcionais e o que normalmente consideramos o real. Esse movimento criou um potente uso do material original do filme.

O surgimento furtivo da escrita

19 de janeiro de 2011 Críticas
Foto: divulgação.

Pois qual é o valor de todo nosso patrimônio cultural, se a experiência não mais o vincula a nós?

Walter Benjamim. Experiência e pobreza

O reino do mar sem fim oferece uma possibilidade de confronto entre o olhar que se dirige para a cultura popular e nossas formas de apreensão contemporâneas. Acredito nisso, porque uma arte intercultural precisa criar também um olhar intercultural e não um olhar de valorização da tradição que privilegia os modos de produção do contexto central. Patrice Pavis nos oferece a possibilidade de inventar uma “nova disciplina” que possa descrever e analisar os objetos. Essa possibilidade existe, no caso de Mar sem fim, porque sua construção partiu de uma inspiração que a diretora e pesquisadora Adriana Schneider se refere como uma epifania. Schneider, em um determinado momento, ao longo de 14 anos de trabalho de pesquisa na Zona da Mata de Pernambuco, se deparou com um mamulengueiro, Severino da Cocada que, realizando um corte na tentativa de direcionamento que ela dava à conversa, abriu uma velha caderneta em uma página em branco e adotando uma postura “épica (…) pôs-se a cantar o romance Reino do mar sem fim”. Qualquer linha discursiva que Schneider procurasse dar àquele encontro foi interrompida pelo fragmento dito e impregnou a pesquisa de um desejo expresso pela sensação de inconclusão. Tempos depois, ao acaso, ela encontrou o folheto de cordel, O romance da princesa do mar sem fim de Severino Borges da Silva, em um sebo – condição de colisão aleatória. A literatura de cordel tem a característica de se originar na oralidade, percorre o caminho entre a fala e a escritura, entre o evento, o improviso e um momento de elaboração.

Notas sobre o corpo e sua condição de cadáver – paradoxos e procedimentos do corpo treinado

28 de abril de 2010 Estudos

Parece existir uma espécie de lacuna entre as práticas de treinamento de atores e as possibilidades de transformação das mesmas em pensamento teórico para além das salas de ensaio. Talvez, essa defasagem se deva ao paradoxo que é próprio da linguagem teatral de ser, na realidade, um pensamento que se revela como matéria posta em cena. Daí a dificuldade de formular teorias sincrônicas entre as práticas atoriais e as possibilidades de pensamento que delas advêm. Podemos incluir aqui nessa questão o fato de que as referidas práticas estão, de certo modo, envolvidas em uma zona sempre de deslocamentos, na medida em que lidam necessariamente com os processos subjetivos dos sujeitos, o que imprime uma instabilidade aos possíveis conceitos. Portanto, acredito ser pertinente que pensemos o assunto em consonância com as discussões filosóficas que, por natureza das mesmas, são tentativas de nomear os fenômenos, de lidar com o inexprimível no âmbito da linguagem. É claro que estabelecemos assim uma instância de atrito, pois segundo Walter Benjamin em sua teoria da linguagem, para falar de arte não podemos lançar mão de uma fala identificada com a dos técnicos, mas nesse contexto “linguagem significa o princípio orientado para a comunicação de conteúdos intelectuais” (BENJAMIN: 1992, 177).

Estrutura cênica estrangeira

15 de novembro de 2008 Críticas
Ator: Daniel Kristensen. Foto: divulgação.

O espetáculo Passagens, dirigido por Diego de Angeli e encenado pela Pangéia Cia. de Teatro, parece ser constituído por uma idéia própria da experiência de arte que é a de promover condições de conhecer o mundo pelo que chega a aparecer dele para nós. É claro que isto dito assim poderia ser considerado como algo bastante abstrato e que concerne a toda e qualquer iniciativa artística. Porém, o que acontece aqui, além do fato de que a visualidade é componente forte no espetáculo, é que as possibilidades de aparecer algo referente ao mundo estão explicitamente comprometidas pelas circunstâncias deste aparecimento que, por se oferecerem mais gravemente por meio de estruturas cênicas alheias, acabam por não dar conta do mundo que querem revelar.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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