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A radicalidade do processo coletivo

11 de abril de 2012 Conversas
Restin. Foto: Divulgação.

DINAH CESARE: Quais são as particularidades que envolveram a formação do Pedras?

ADRIANA SCHNEIDER: O Pedras se formou em 2001 a partir de um encontro de atores. Boa parte deles era da Companhia Atores de Laura, eu, o Luiz André, a Georgiana, a Ana Paula e a Helena. A Marina e o Diogo Magalhães trabalhavam com a Christiane Jatahy no Grupo Tal. Nossa intenção era a de dar conta da pesquisa do trabalho do ator, investigar perspectivas distintas. Nós tínhamos muito interesse em oficinas de técnicas do ator. Então, desde sempre, o grupo fez muitas oficinas com outros grupos, como o Moitará para estudar máscaras, com o Enrico Bonavera do Piccolo Teatro de Milão, com o Sotigui Kouyaté, com o Anônimo e as técnicas de palhaçaria, com a Juliana Jardim que tinha uma oficina excelente sobre o bufão e várias oficinas com o Lume. Nós sempre fomos inquietos e queríamos ter estes trabalhos nos Atores de Laura, mas não conseguíamos fazer isto lá por que éramos muito jovens e a criação se pautava por uma estética mais determinada. Mas existia cada vez mais o desejo de, ao invés de estar sempre envolvidos com montagem de espetáculos, poder ir para a sala de ensaio e investigar, experimentar as técnicas e desenvolver alguma coisa a partir destes materiais

O surgimento furtivo da escrita

19 de janeiro de 2011 Críticas
Foto: divulgação.

Pois qual é o valor de todo nosso patrimônio cultural, se a experiência não mais o vincula a nós?

Walter Benjamim. Experiência e pobreza

O reino do mar sem fim oferece uma possibilidade de confronto entre o olhar que se dirige para a cultura popular e nossas formas de apreensão contemporâneas. Acredito nisso, porque uma arte intercultural precisa criar também um olhar intercultural e não um olhar de valorização da tradição que privilegia os modos de produção do contexto central. Patrice Pavis nos oferece a possibilidade de inventar uma “nova disciplina” que possa descrever e analisar os objetos. Essa possibilidade existe, no caso de Mar sem fim, porque sua construção partiu de uma inspiração que a diretora e pesquisadora Adriana Schneider se refere como uma epifania. Schneider, em um determinado momento, ao longo de 14 anos de trabalho de pesquisa na Zona da Mata de Pernambuco, se deparou com um mamulengueiro, Severino da Cocada que, realizando um corte na tentativa de direcionamento que ela dava à conversa, abriu uma velha caderneta em uma página em branco e adotando uma postura “épica (…) pôs-se a cantar o romance Reino do mar sem fim”. Qualquer linha discursiva que Schneider procurasse dar àquele encontro foi interrompida pelo fragmento dito e impregnou a pesquisa de um desejo expresso pela sensação de inconclusão. Tempos depois, ao acaso, ela encontrou o folheto de cordel, O romance da princesa do mar sem fim de Severino Borges da Silva, em um sebo – condição de colisão aleatória. A literatura de cordel tem a característica de se originar na oralidade, percorre o caminho entre a fala e a escritura, entre o evento, o improviso e um momento de elaboração.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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