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Sobre fundo verde

15 de outubro de 2008 Críticas
Atriz: Izadora Mosso Schetert. Foto: divulgação.

Em cartaz no Teatro do Jóquei, a peça Passagens, dirigida por Diego de Angelis, traz à cena o primeiro trabalho da Pangéia Cia. de Teatro, que durante um ano e meio realizou uma pesquisa inspirada em procedimentos cinematográficos. Sete atores se revezam na apresentação de diversos personagens. A dramaturgia do espetáculo não conta com uma fábula, mas com pequenos momentos, recortes de situações vividas por personagens cujas características são apenas sugeridas. O espetáculo é formado por quadros, de duração variada, que se dão a ver sobre um fundo verde – referência a uma técnica utilizada no cinema: os atores fazem as cenas sobre um fundo infinito, para que se acrescentem os efeitos especiais num segundo momento.

Alcance e retenção

15 de julho de 2008 Estudos

Exergo

“Estive lendo os papéis amarelos. Penso que distinguir pelas ausências – espaciais ou temporais – os meios de superá-las leva a confusões. Talvez fosse o caso de dizer: meios de alcance e meios de alcance e retenção. A radiotelefonia, a televisão e o telefone são, exclusivamente, de alcance; o cinematógrafo, a fotografia, o gramofone – verdadeiros arquivos – são de alcance e retenção. Todos os aparelhos para fazer frente a ausências são, portanto, meios de alcance (antes que se tenha a fotografia ou o disco, é preciso tirá-lo, gravá-lo).” (BIOY CASARES: 2006, 93)

“A fotografia pode se apoderar, sem ser molestada, das coisas transitórias, que têm direito ‘a um lugar nos arquivos da nossa memória’, desde que se detenha ante os ‘domínios do abstrato, do imaginário': ante o domínio da arte, onde só há espaço para aquilo ‘a que o homem entrega a sua alma'”. (BENJAMIM: 1989, 138)

“No fim de contas, será preciso convir que para além da morte como figura iconográfica, é de fato ausência que rege esse balé desconcertante de imagens sempre contraditas. A ausência, considerada aqui como motor dialético tanto do desejo – da própria vida, ousaríamos dizer, a vida da visão – quanto do luto – que não é “a morte mesma” (isso não teria sentido), mas o trabalho psíquico do que se confronta com a morte e move o olhar com esse confronto.” (DIDI-HUBERMAN: 1998, 128-129)

Um modo de estar no tempo

10 de junho de 2008 Críticas
Atores: Otto Jr e Julia Lund. Foto: Guga Melgar

O espetáculo Nu de mim mesmo parece nos propor uma experiência no tempo. E assim como o sujeito falante de Primeiro amor de Samuel Beckett, estar no tempo requer que nos balizemos por eventos afetivos de nossa história. Para resgatá-los e enfrentá-los é preciso rememorar, entrar em contato com as ruínas que sobraram do nosso esquecimento. Em Beckett foi preciso voltar ao túmulo do pai e anotar a data de sua morte, para mais tarde voltar e anotar a data do seu nascimento. Começa-se pelo fim para depois voltar ao início.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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