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Primordiais espaços periféricos
Cozinha e dependências e Um dia como os outros, textos de Agnès Jaoui e Jean-Pierre Bacri, são ambientados em espaços periféricos. Nem a cozinha, onde se encontram os personagens na primeira história, nem o bar, onde estão os da segunda, despontam como lugares nobres, onde deveriam se desenrolar as ações de cada história. Os personagens se esbarram na cozinha para reclamar do andamento da reunião planejada para um convidado famoso, que não transcorre na sala exatamente conforme o planejado; e se encontram no bar para sair rumo a uma festa de aniversário, partida que, porém, acaba não acontecendo devido à eclosão de um conflito conjugal.
Atuação e representação
Na peça O zoológico de vidro de Tennessee Williams, em cartaz no Teatro Maison de France, uma questão no trabalho dos atores aparece de forma bem delineada: em cena, duas formas diferentes de relação com a frontalidade são exemplares como registros de atuação distintos, que não costumam aparecer juntos. Estes dois registros ficam visíveis não apenas pelas escolhas do diretor Ulysses Cruz e pela própria natureza dos personagens, mas a índole e a formação dos atores também são fatores que contribuem para estas duas concepções do trabalho de atuação.
Como se chama ou Por afeto
Uma peça com dois títulos, ou dois títulos colados um no outro: esse é um pressuposto que não pode ser deixado de lado. O título de uma peça não é dado arbitrariamente, ele pode compor o sentido da obra, explicitar algum motivo do processo de trabalho, pode ser um enigma ou só mesmo uma frase de efeito. Colocar dois títulos juntos numa peça me parece ser uma proposta feita ao público a priori: você pode ver desta ou de outra maneira, você pode entender isto ou aquilo. Ou ainda: você pode ver desta e de outra maneira, entender isto e aquilo. O “ou” do título me parece sugerir sobreposições. Ele é um pouco “e”.