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O paradoxo da existência virtual (do teatro)
O fechamento dos teatros, para nós que frequentávamos o teatro três ou quatro vezes por semana (e não me refiro apenas aos críticos e jurados de prêmios, como é o meu caso, mas às atrizes, atores, faxineirxs, diretorxs, iluminadorxs, cenógrafxs, porteirxs, bilheteirxs, seguranças, aficcionadxs de todos os tipos, etc) faz lembrar aquela história da pessoa que teve uma perna amputada, mas que todas as noites sente uma coceira insuportável no membro perdido. Não são poucas as coisas nesta vida que se tornam mais reais e imprescindíveis quando as perdemos. Ou estamos na iminência de perder. (E não me refiro apenas à liberdade em tempos de quarentena e desgoverno…).
Atuação e representação
Na peça O zoológico de vidro de Tennessee Williams, em cartaz no Teatro Maison de France, uma questão no trabalho dos atores aparece de forma bem delineada: em cena, duas formas diferentes de relação com a frontalidade são exemplares como registros de atuação distintos, que não costumam aparecer juntos. Estes dois registros ficam visíveis não apenas pelas escolhas do diretor Ulysses Cruz e pela própria natureza dos personagens, mas a índole e a formação dos atores também são fatores que contribuem para estas duas concepções do trabalho de atuação.