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Mauser de Garagem. Les Commediens Tropicales e o teatro de Heiner Müller

25 de abril de 2016 Críticas

Vol. IX, nº 67 abril de 2016 :: Baixar edição completa em PDF  

Resumo: O artigo discute o espetáculo Mauser de Garagem, apresentado pela Companhia Les Commediens Tropicales no Galpão do Folias, em São Paulo. O texto situa a encenação da peça de Heiner Müller no âmbito da trajetória da companhia e do teatro de grupo de São Paulo, retomando a importância do teatro épico para os grupos de São Paulo, assim como a crítica apresentada por Müller aos pressupostos do teatro brechtiano. Com base nesses elementos, o artigo discute a encenação proposta pelos Commediens Tropicales.

Palavras-chave: Heiner Müller; teatro épico; teatro de grupo de São Paulo.

Abstract: The article discusses Mauser de Garagem, presented by Les Commediens Tropicales at Galpão do Folias in São Paulo. The text situates the staging of Heiner Müller’s play in the realm of the recent history of this and othes theater groups based in São Paulo. It also resumes the importance of the epic theater for groups of São Paulo, as well as Müller’s critical approach to Brechtian theater. The article finally discusses the staging proposed by Les Commediens Tropicales.

Key-words: Heiner Müller; Epic theater; theater groups in São Paulo

 

Uma ousada versão da peça Mauser de Heiner Müller, com direito a quarteto musical, um palco forrado de cacos de vidro e a projeção contínua de cenas de destruição, concluiu em janeiro de 2016, no Galpão do Folias em São Paulo, a retrospectiva de dez anos de atividades da companhia Les Commediens Tropicales. Passar o repertório em vista poderia ser uma mera autocelebração. Não é, porém, o caso desse grupo de teatro e de diversos outros que tiveram condições financeiras e artísticas de propor uma semelhante empreitada. Reencenar peças anteriores, sobretudo num contexto favorável à articulação interna de trabalhos surgidos em ocasiões diversas, é um meio de refletir a respeito da experiência acumulada. A estratégia vai, contudo, muito além da reorganização de elementos do passado e incide diretamente no trabalho presente e futuro dos grupos. Bem distante do clichê de que cada encenação é única e, portanto, sempre traz algo novo, uma retrospectiva como essa oferecida pelos Commediens Tropicales permite testar os espetáculos em novos espaços, repensar escolhas, e, não menos importante, colocar-se à prova diante de um público muitas vezes distinto daquele das encenações anteriores.

Clowns e gladiadores. Sobre o anacronismo de Filoctetes, de Heiner Müller.

24 de dezembro de 2015 Críticas

Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf

Resumo: O artigo discute a encenação da peça Filoctetes, de Heiner Müller, pela Companhia Razões Inversas, sob direção de Márcio Aurélio, na Funarte, em São Paulo. Analisa-se o anacronismo da justaposição de clowns e gladiadores, proposto por Müller como estratégia de encenação, assim como críticas de Christoph Menke à pretensão não trágica do teatro de Müller.

Palavras-chave: Heiner Müller, tragédia, teatro épico

Abstract: The article discusses Heiner Müller’s play Philoctetes, staged at Funarte in São Paulo by Marcio Aurelio and Razões Inversas. It analyses the anachronism of the juxtaposition of clowns and gladiators, proposed by Müller as a staging device, as well as Christoph Menke’s criticism on Müller’s claim to a non tragic theater.

Keywords: Heiner Müller; tragedy; epic theater.

 

Como seria encenar uma tragédia grega no circo? Restaria algo do destino heroico ao ser arrastado para o picadeiro? Ou o esforço cairia no ridículo, tal como o palhaço, que cai para se levantar e cair novamente, repetindo o número até seu efeito se esgotar? Tamanho anacronismo foi pensado pelo dramaturgo e encenador alemão Heiner Müller como um modo de discutir os pressupostos da tragédia clássica e sua relação com o teatro recente. Sua reformulação do Filoctetes de Sófocles, elaborada entre 1958 e 1964, busca investigar, pela convocação de clowns para os papeis de gladiadores, a distância entre dois tempos. Em apontamentos sobre a peça, o autor diz: “O cômico na apresentação provoca a discussão de seus pressupostos. Só o clown coloca o circo em questão. Filoctetes, Odisseu, Neoptólemo: três clowns e três gladiadores em suas visões de mundo” (MÜLLER, 2005, p. 158). Se o clown provoca estranhamento, o mesmo se pode dizer do gladiador. Tal denominação para o guerreiro grego anuncia os traços romanos – o Estado e o direito – da Grécia clássica de Müller. Com material extemporâneo, constrói-se uma moldura para colocar o destino trágico em perspectiva. Mais que encenar um texto antigo, trata-se de confrontá-lo com as condições de encenação. Tal distanciamento perante a ação dos heróis gregos já vem preparada, na peça mesma, por um prólogo que tem o tom da advertência, senão da zombaria.

Estética da ausência: questionando pressupostos básicos nas artes performativas

24 de dezembro de 2015 Traduções e

Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf

Conferência proferida pelo autor no dia 9 de março de 2010 na Universidade Cornell (EUA), no âmbito do programa para artistas-residentes organizado pelo IGSC (Institute for German Cultural Studies) desta universidade, e originalmente publicada no boletim informativo do IGSC na primavera de 2010 (German Culture News, Vol. XIX, n. 2, Spring 2010.)

Eu poderia facilmente mostrar a vocês um vídeo de cinquenta minutos de um de meus trabalhos recentes, uma instalação performativa sem performer algum (Stifters Dinge), depois ir embora, e o tema da ausência estaria bem coberto. Mas talvez devêssemos refletir, em vez disso, sobre como esse tema se desenvolveu em meu trabalho ao longo dos anos, a fim de entender melhor o que acontece e o que quero dizer por “ausência”.

Como é que tudo começou? Talvez com um acidente, em 1993, durante os ensaios de uma cena de Ou bien le débarquement désastreux (Ou o desembarque infeliz), uma de minhas primeiras peças de música-teatro, com cinco músicos e um ator.

Cabaré Hamlet ou das várias dificuldades de escrever a verdade

21 de janeiro de 2010 Críticas
Foto: V. Arbelet

De tudo o que vi em 2009 nada me pareceu mais uma “questão de crítica” do que a montagem de  Un Cabaret Hamlet, espetáculo de Mathias Langhoff assistido no Odéon, Paris, numa co-produção com o Théâtre Dijon Bourgogne-CDN.. Seu longo e tedioso nome completo é De casaco vermelho, a manhã atravessa a roseira que, à sua passagem, parece de sangue ou HAM. AND EX BY WILLIAM SHAKESPEARE UN CABARET HAMLET.

Missão cumprida

16 de janeiro de 2009 Críticas
Atriz: Marta Haas. Foto: Cisco Vasques.

A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, de Porto Alegre, está completando 30 anos de vida, ao longo dos quais construiu uma elogiável folha de serviços prestados ao teatro gaúcho e brasileiro, uma referência histórica e cultural que não pode ser ignorada. Em função das dificuldades de locomoção e da pouca projeção propiciada pela mídia sulista em relação ao resto do país, a Tribo padece de pouca divulgação junto ao grande público brasileiro.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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