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Uma homenagem despretensiosa
![Hoje é ontem também](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2013/02/Crítica-da-peça-Hoje-é-ontem-também-por-Daniel-Schenker-393x590.jpg)
A reinauguração do Teatro Ipanema, a cargo do coletivo Pequena Orquestra, atualmente encarregado pela ocupação do espaço, contou com uma homenagem a Hoje é dia de rock, a célebre montagem que se tornou uma febre teatral em 1971, marco do grupo liderado por Rubens Corrêa, Ivan de Albuquerque e Leyla Ribeiro. Agora, a Pequena Orquestra volta a evocar a peça de José Vicente através de um projeto conjunto que também reúne integrantes da Cia. das Inutilezas e da Cia. Dani Lima, todos sob a direção da argentina Lola Arias, encarregada ainda da dramaturgia.
O movimento do visível
![Meu avesso.](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2012/01/ENSAIO-01_reduzido-124-590x393.jpg)
Uma das possibilidades mais instigantes para a crítica é o fato de que as obras proporcionam experiências materiais nas quais os conteúdos teóricos se movimentam e mostram suas evidências e seus desvios. Isso promove uma espécie de alegria que leva ao desejo da escrita, sempre insuficiente, mas na tentativa de se ultrapassar, ou seja, ultrapassar o crítico. Assim nos tornamos meio sobreviventes dos nossos conjuntos mal armados de referências, de escolhas e do idolatrado panteão das nossas memórias. Esse é um dos efeitos que a peça Meu avesso é mais visível que um poste provoca por meio de uma operação que se constitui por insistentes desconstruções de um lugar metafísico separado do mundo sensível. O modo ideal dessa desconstrução na peça se dá no confronto entre o âmbito da memória e uma visualidade de material sintético – o visível do avesso é uma coisa construída. De modo semelhante, a dramaturgia é uma estrutura do fluxo do pensamento que é colocado como coisa visível.