Tag: Carolina Ferman
Ao redor da sala de estar
![as horas entre nós](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2013/07/foto_paula_kossatz-3-590x393.jpg)
A peça As horas entre nós, que esteve em cartaz no Espaço Cultural Sérgio Porto, provocou minha percepção principalmente pelo cenário, de concepção de Joelson Gusson. Junto com Diego de Angeli, a dramaturgia assinada também por Gusson parece se calcar na estrutura espacial proposta pelo cenário, a partir do qual extrairei algumas possíveis leituras desse trabalho, que buscou ser ele mesmo uma releitura de Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf, com ecos inevitáveis do livro e filme As horas, de Michael Cunningham e Stephen Daldry, respectivamente.
Entre nós
![As Horas Entre Nós_Cris Larin e Cristina Flores_IMG_1224_foto_paula_kossatz 2](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2013/07/As-Horas-Entre-Nós_Cris-Larin-e-Cristina-Flores_IMG_1224_foto_paula_kossatz-2-590x393.jpg)
As horas entre nós, atualmente em cartaz no Espaço Cultural Sérgio Porto, é um exemplo interessante da recriação de uma obra literária, que faz uma transposição de ideias e acontecimentos para um contexto diferente do qual se partiu. O termo “adaptação” não me parece exato para definir o trabalho, pois convida a uma comparação infrutífera com um determinado “original”. Existe, de fato, um ponto de partida: Mrs Dalloway, de Virginia Woolf. Mas não parece haver, na montagem, um compromisso de prestação de contas com o romance, e sim uma dinâmica de afastamento e aproximação, de afinidade à distância com a obra, trabalhada com delicadeza na dramaturgia de Diego de Angeli e de Joelson Gusson, que também assina a direção, a adaptação e a concepção, esta junto com Cristina Flores. É possível perceber um excesso de créditos em torno da autoria: concepção, adaptação, dramaturgia, além da observação na capa do programa que diz “livremente inspirado em Mrs Dalloway, de Virginia Woolf”. O título da peça também faz referência ao livro de Michael Cunningham e ao filme de Stephen Daldry, As horas. Essa condição espalhada da autoria pode ser interessante.
Personagem e espetáculo em busca de identidade
![Baseado na rua de trás](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2011/12/Crítica-da-peça-Baseado-na-rua-de-trás-por-Daniel-Schenker-590x392.jpg)
Identificado, inicialmente, como H., o protagonista de Baseado na rua de trás não tem acesso aos códigos de funcionamento da cidade onde se encontra. Mais do que dificuldade de estabelecer comunicação com os que estão à sua volta, H. parece perdido num mundo estranho. A cada situação é exposto como um indivíduo à parte, desintegrado. Não se trata apenas de negociar com uma ordem estabelecida, mas de precisar se enquadrar, o que o leva a um afastamento de seus próprios desejos e, em última instância, de sua identidade.