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Todo mundo morre no final
De Wroclaw, Polônia
Na pequena cidade de Worclaw, no interior da Polônia, aconteceu o Festival Internacional de Teatro The World As A Place Of Truth organizado pelo The Grotowski Institute. Durante todo o mês de junho grandes nomes do teatro contemporâneo intercambiaram seus trabalhos para uma plateia quase toda formada pelos próprios atores que se apresentavam no festival. A primeira semana foi dedicada a Eugenio Barba e seu último trabalho: Ur-Hamlet.
A peça foi montada no pátio da antiga arcádia da cidade que guarda a arquitetura de um pequeno forte com enormes portões de madeira e paredes de tijolos. Utilizando diferentes estilos de teatro ritual, Barba monta de fato um ambiente que invoca o clima de uma cerimônia. A peça foge da representatividade e do conceito textocêntrico, falando diretamente ao centro dos sentidos, ao sistema nervoso. Os espectadores participam desse ritual antropológico.
Sobre Saxo, Hamlet e a performance
Hamlet, Don Juan, Doutor Fausto e Arlequim são arquétipos bastardos que não conhecem suas mães e seus vários pais. Eles adentraram em nossa cultura moderna através das primeiras companhias profissionais especializadas em vender entretenimento no nascimento do teatro Europeu, na ‘Era de Ouro’ entre os séculos XVI e XVII.
Estes foram anos de pragas, suspeitas, massacres, intolerância e guerras religiosas. Hamlet, Don Juan, Doutor Fausto e Arlequim chegaram ao palco escondendo sua natureza bárbara e feroz sob um arco-íris de comentários bem-humorados e pensamentos profundos. Todos os quatro eram peritos na arte de se livrar de seus adversários com armas, sagacidade e feitiços. O cheiro de uma cultura refinada dissimulou seus odores acres de sangue, sexo e violência, transformando-os em jóias da arte. Assim, eles não são mais capazes de nos assustar. Nesse traje fantasioso, poético, filosófico e melancólico, eles vivem nos livros escolares e perfumam a nossa vida intelectual adulta. Mas a sua substância original, crua e sem ilusões, faz deles nossos irmãos zombeteiros e repugnantes, bem ajustados ao nosso século XXI.
Cabaré Hamlet ou das várias dificuldades de escrever a verdade

De tudo o que vi em 2009 nada me pareceu mais uma “questão de crítica” do que a montagem de Un Cabaret Hamlet, espetáculo de Mathias Langhoff assistido no Odéon, Paris, numa co-produção com o Théâtre Dijon Bourgogne-CDN.. Seu longo e tedioso nome completo é De casaco vermelho, a manhã atravessa a roseira que, à sua passagem, parece de sangue ou HAM. AND EX BY WILLIAM SHAKESPEARE UN CABARET HAMLET.
O humano entre os extremos

Alguns autores vêm sendo determinantes na carreira de Gilberto Gawronski, como Bernard-Marie Koltès (Roberto Zucco, Na Solidão dos Campos de Algodão), Caio Fernando Abreu (Uma História de Borboletas, A Dama da Noite, Do Outro Lado da Tarde) e Hans Christian Andersen (O Soldadinho de Chumbo, A Nova Roupa do Imperador e O Patinho Feio). William Shakespeare, também. Depois de participar como ator de montagens de Sonho de uma Noite de Verão e Rei Lear, Gawronski, que se formou pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL) e passou um ano e meio nos Estados Unidos, apresenta agora a sua versão de Medida por Medida em espetáculo em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
Um Hamlet em sintonia com o teatro de hoje

Hamlet, a mais célebre tragédia de William Shakespeare, é um veículo privilegiado para o diretor Aderbal Freire-Filho lançar questões bastante pertinentes em relação ao teatro contemporâneo. Esta perspectiva desponta, sobretudo, na passagem em que o personagem-título faz uma série de indicações aos atores de sua peça.