Autor Patrick Pessoa
Liberdade pela metade

A ideia de entrar no teatro para ver uma releitura de Shakespeare, ainda mais com este belo título, O animal que ronda, me deixa sempre numa expectativa prazerosa. Não só porque as releituras dos clássicos são mais raras do que eu gostaria na cena teatral carioca, mas sobretudo porque, ao ver uma nova interpretação de uma obra canônica, duas vertentes muitas vezes antitéticas do meu trabalho, a de crítico teatral e a de professor de filosofia, encontram uma síntese que faz com que eu me sinta menos partido. Afinal, como professor universitário, eu sou fundamentalmente um leitor de releituras de obras clássicas. Nesse sentido, independentemente da minha vontade consciente, me sentei na arquibancada do Espaço Municipal Sergio Porto com duas perguntas (ou exigências) na cabeça.
A novidade como conceito eurocêntrico
NOTA: O texto a seguir foi apresentado em inglês na conferência “Newness and Global Theatre: Between Commodification and Necessity”, promovida pela Associação Internacional de Críticos de Teatro (AICT-IATC), da qual os autores fazem parte, no BITEF – Festival Internacional de Teatro de Belgrado, na Sérvia, em outubro de 2016.
Prefácio
“Deve haver, no mais pequeno poema de um poeta, qualquer coisa por onde se note que existiu Homero. A novidade, em si mesma, nada significa, se não houver nela uma relação com o que a precedeu.”
Peça de resistência
Rio, 15.09.2016
Querida Grace,
se eu tivesse mais tempo, escreveria uma carta de só duas páginas, mas, como não tenho, sou forçado a escrever uma carta mais longa. Desculpe, a edição vai ter que ficar por tua conta.
Já faz um tempo que vi a estreia de Vaga carne, no Festival de Curitiba; e também já faz um tempinho desde que revi aqui no Rio, no SESC Copacabana. Nas duas vezes, pudemos depois ficar juntos um pouco, e falar da vida, essa “farpa de madeira intensa”, como você disse tão bonito um dia. Quando acontece isso, de eu ver um espetáculo e depois sair com quem fez, sempre sinto um pudor de falar do que estou sentindo. Não tem a ver com ter gostado ou não gostado. Também não tem a ver com o nível de intimidade que tenho com a pessoa. Tem mais a ver, acho, com uma certa fé na fermentação.
A arte da crítica: Conversa entre um ator japonês e um crítico brasileiro
Vol. IX, nº 67 abril de 2016 :: Baixar edição completa em PDF
“Pensar (Denken) e agradecer (Danken) são palavras que, em nossa língua, tem uma única e mesma origem. Quem investiga o seu sentido, encontra-se no campo semântico de: ‘recordar’, ‘ser cuidadoso’, ‘memória’ e ‘devoção’.”
Paul Celan
Nota preliminar
Conheci Ryunosuke Mori, um ator japonês que de imediato me lembrou muito o Chishû Ryû, numa viagem a Tóquio, em 2008. Depois de uma apresentação de Na selva das cidades com elementos do butô, mais tarde ressignificada pelo Aderbal Freire-Filho em sua montagem carioca, fui cumprimentar os atores e descobri que Mori falava português. A mãe dele, como fiquei sabendo mais tarde naquela mesma noite, tinha nascido em Bastos, no interior de São Paulo, e voltara para o Japão por causa de um casamento arranjado com o pai de Mori, que ela só veio a conhecer no dia das bodas.
The Rhapsodic Impulse of Octavio Camargo
Vol. IX, nº 67 abril de 2016 :: Download complete edition in PDF
By Patrick Pessoa
Translated by Dermeval de Sena Aires Júnior
Abstract: Project Ilíadahomero, conceived by Octavio Camargo, has the main goal of staging the unabridged 24 books of Homer´s Iliad in the translation of Manuel Odorico Mendes, in Greece, in August 2016. This text undertakes a panoramic analysis of the ten books that were presented during the Curitiba Festival of 2015.
Keywords: Iliad; Homer; Odorico Mendes; Rhapsody.