Tag: zé celso
Schiller em Sampã
O dramaturgo Friedrich Schiller está vivo em São Paulo. Sua divisa tempestade e ímpeto ressoa em dois diferentes palcos da cidade: Os Bandidos, em montagem capitaneada por José Celso Martinez Correa para o grupo Oficina e em Rainha[(s)], realização de Cibele Forjaz.
Os Bandidos foi convenientemente reciclada e ambientada na Sampã pós-moderna e inter-galática que exprime e metaforiza a contenda que opõe, há mais de 20 anos, o Oficina e Silvio Santos, em razão do uso dos terrenos adjacentes ao histórico edifício teatral, tombado pelo patrimônio histórico. Pela lei de zoneamento da cidade uma área de 300 metros em volta de um bem tombado fica embargada, para evitar que qualquer alteração desfigure o centro do tombamento. Ocorre que, no caso do Oficina, foi tombado apenas a atividade (ou seja, sua destinação teatral e não o prédio ele mesmo), o que vem possibilitando a aludida contenda com um vizinho bastante incômodo, a sede administrativa do grupo empresarial que controla o Sistema Brasileiro de Televisão e que pretende, naqueles terrenos, construir um shopping center.
Teatro Oficina: um espaço metonímico
“No espaço que funciona metonimicamente, um caminho percorrido pelo ator representa, sobretudo, uma referência ao espaço da situação teatral; como parte pelo todo, refere-se ao espaço real do palco e, a fortiori, do teatro e do espaço circundante como um todo”[1]
No capítulo designado ao estudo do espaço dramático e pós-dramático, do livro Teatro Pós-dramático de Hans-Thies Lehmann, é criado um contraponto entre ambas as noções a partir do princípio espacial que foi se configurando após a crise do drama. Para Lehmann o espaço dramático se constitui numa condição espacial mediana entre o intimismo e a imensidão. Essas seriam umas das prioridades para a realização do espelhamento, tão caro ao drama, que se estabelece na relação entre o palco e o espectador por meio da identificação do que vê com o que está sendo visto. Então, uma das condições necessárias para que o drama ocorra acaba por ser uma demanda espacial em que, além de mediana, deve ser isolada, independente e com uma identidade própria do que está sendo apresentado em relação ao mundo daquele que assiste. Somente com essa isolação entre palco e platéia bem definida que esse processo de identificação ocorre, pois assim a separação espacial entre a emissão e a recepção acontece de fato e propicia o espelhamento. Pensando na interferência que a aproximação e o distanciamento do espectador da cena tem para a recepção teatral, Lehmann afirma que:
Conversa com José Celso Martinez Corrêa e Marcelo Drummond
A conversa foi realizada no dia 05 de maio de 2008, em São Paulo, com Zé Celso e Marcelo Drummond, com a colaboração de Rafaela Wrigg.
FELIPE VIDAL – Bom, como o assunto central da revista é a crítica, eu queria saber: como vocês enxergam o papel da crítica hoje em dia? Há algum diálogo efetivo? O Nelson de Sá, por exemplo, participou com vocês dois na dramaturgia/tradução do Ham-Let e na época escrevia críticas. Como funciona esse tripé: artista – público – crítica?