Tag: teatro virtual
A liberdade é o único caminho
“Por isto o quilombo desfila/
Devolvendo em seu estandarte/
As histórias de suas origens/
Ao povo em forma de arte”.
Ao Povo Em Forma de Arte
(LOPES, MOREIRA, 1980)
O espetáculo infanto-juvenil Nuang – Caminhos da Liberdade, com direção e dramaturgia de Tatiana Henrique, é baseado no livro homônimo de Janine Rodrigues. Criado para ser apresentado em plataformas virtuais, Nuang clama pela presença dos espectadores devido à circularidade proposta no espaço cênico e aos inúmeros apelos sensoriais que conferem movimentação à cena. Trata-se de um grande desafio inadiável de contar uma difícil história sobre uma criança negra para crianças negras e de conscientizar as crianças não negras. Embora seja voltado para o público infanto-juvenil, o discurso do espetáculo é pertinente para todas as idades por abordar as graves consequências da falta de liberdade para as populações negras desde a escravização até os dias de hoje. Num país como o Brasil, que mais escravizou corpos negros e foi o último a abolir a escravidão, o mito da democracia racial muito tem a ver com o fato de não terem sido formuladas perguntas fundamentais sobre a colonização ao longo da História. Então é necessário recontar essa história, expor as perguntas e elaborar as respostas.
Diário de uma atriz em confinamento e em criação
Fui investigar agora e vi que começamos a nos falar, eu e Mauro Schames, sobre qualquer coisa aleatória, em 18 de março. Eu estava em casa, já em quarentena, desde o dia 16. Já tínhamos nos visto umas 4, 5 vezes. Temos as mesmas agentes. Já nos vimos em cena. Não éramos amigos. No dia 18 de março um perguntou pro outro:
– E você, tá bem de quarentena?
No dia 02 de abril já tínhamos lido pela primeira vez o texto A história dos ursos pandas (contada por um saxofonista que tem uma namorada em Frankfurt) de Matei Visniec, proposto pelo Mauro, cada um na frente do seu computador. Logo pintou um primeiro edital e nós dois batemos a cabeça fazendo testes de como iríamos nos filmar para propor esse texto ao edital do Itaú Cultural, que tinha inscrições abertas entre 06 a 10 de abril. Depois de algumas tentativas mal sucedidas de filmagens de trechos de cenas da peça, Mauro sugeriu sabiamente Bruno Kott para a direção. Eu nunca tinha ouvido falar nele e descobri, depois, que ele já havia me visto em cena. Bruno e eu nunca nos encontramos pessoalmente. E isso é incrível.