“Por isto o quilombo desfila/
Devolvendo em seu estandarte/
As histórias de suas origens/
Ao povo em forma de arte”.

Ao Povo Em Forma de Arte
(LOPES, MOREIRA, 1980)

 

O espetáculo infanto-juvenil Nuang – Caminhos da Liberdade, com direção e dramaturgia de Tatiana Henrique, é baseado no livro homônimo de Janine Rodrigues. Criado para ser apresentado em plataformas virtuais, Nuang clama pela presença dos espectadores devido à circularidade proposta no espaço cênico e aos inúmeros apelos sensoriais que conferem movimentação à cena. Trata-se de um grande desafio inadiável de contar uma difícil história sobre uma criança negra para crianças negras e de conscientizar as crianças não negras. Embora seja voltado para o público infanto-juvenil, o discurso do espetáculo é pertinente para todas as idades por abordar as graves consequências da falta de liberdade para as populações negras desde a escravização até os dias de hoje. Num país como o Brasil, que mais escravizou corpos negros e foi o último a abolir a escravidão, o mito da democracia racial muito tem a ver com o fato de não terem sido formuladas perguntas fundamentais sobre a colonização ao longo da História. Então é necessário recontar essa história, expor as perguntas e elaborar as respostas.