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Rede de intenções
Vol. VIII nº64, maio de 2015.
Resumo: O ensaio desenvolve algumas reflexões sobre a questão da intencionalidade na obra de arte e das relações entre arte e política, a partir da peça Os que ficam, dirigida por Sérgio de Carvalho e em cartaz no CCBB durante a primeira quinzena de fevereiro. A peça fez parte da Mostra Paralela da Exposição Augusto Boal, retrospectiva sobre a vida e a obra do dramaturgo e diretor.
O patrão é simples
O recente espetáculo da Companhia do Latão, O patrão cordial, tem como ponto de partida duas fontes literárias: a peça O Senhor Puntila e seu criado Matti, de Bertolt Brecht e Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, importante livro que disserta sobre a formação do caráter do homem brasileiro. As duas matrizes dialogam entre si de forma concreta na dramaturgia do espetáculo, escrita por Sérgio de Carvalho, de maneira que é possível verificar como uma obra interferiu na leitura da outra e como ambas estão presentes na dramaturgia final.
A arte é o nosso negócio
“Há um sério risco de acabarmos por encontrar um emprego para a nossa ociosidade”
A insurreição que vem – Comitê invisível
Cada um dos quatro atos da peça Ópera dos vivos, encenada pela Companhia do Latão, de São Paulo, com direção de Sérgio de Carvalho, reconstitui uma etapa histórica da instituição de regimes de dominação da metade final do séc. XX. Os problemas que podem ser colhidos dos argumentos da peça, com os quais a sociedade atual está se deparando, referem-se a um novo regime de dominação dispersa, que Gilles Deleuze identificara como um regime de controle contínuo, percebido na substituição do cárcere por coleiras eletrônicas, na avaliação continuada e na formação permanente das escolas, nos hospitais, nas empresas e nas formas de tratar o dinheiro. A questão que paira para Deleuze e que se encaixa como questão da Ópera dos vivos é: ao que estamos sendo levados a servir?