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O terno: Peter Brook e o teatro épico
Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015
Resumo: O artigo discute a encenação da O Terno, com texto de Can Themba e direção de Peter Brook, apresentada no Sesc Pinheiros de São Paulo em abril de 2015. Discute-se a retomada por Brook da concepção de teatro épico, proposta por Bertolt Brecht, e suas consequências para a elaboração de um espetáculo não-trágico.
Palavras-chave: Peter Brook; Bertolt Brecht; teatro épico.
Abstract: The article discusses The Suit, a theater play based on a short story by Can Themba and directed by Peter Brook, staged at Sesc Pinheiros in São Paulo in april 2015. It is discussed how Brook resumes Bertolt Brecht’s conception of epic theater and its consequences for an untragic show.
Keywords: Peter Brook; Bertolt Brecht; epic theater.
Por volta de 1968, Peter Brook dizia que qualquer espaço vazio poderia ser tomado como um palco. Um homem cruzando esse espaço enquanto outro o observa seria o suficiente para instaurar uma situação teatral. Assim começava “O espaço vazio”, o principal documento teórico do teatro de Brook (BROOK, 1996, p. 7). Em franca polêmica contra o amplo espectro do teatro de sucesso fácil de sua época, chamado por ele de “mortal” ou “mortífero”, ele confrontava o aparato costumeiro que ainda se entendia como uma aparelhagem sofisticada em concorrência com o cinema. Contra o espetáculo composto por cortinas vermelhas, sala escura e grandes refletores, Brook buscava apoio em mestres como Shakespeare e Bertolt Brecht para defender a eliminação de elementos supérfluos, de máquinas e efeitos cenográficos que sobrecarregam a encenação e desviam a atenção dos componentes básicos. O acento na simplicidade, contudo, não decorria de uma petição de princípio nem de purismo minimalista, muito menos de aversão à técnica, mas da convicção de que a função do teatro possa ser simplesmente abrir espaço e assim criar condições para que algo melhor apareça.
O patrão é simples
O recente espetáculo da Companhia do Latão, O patrão cordial, tem como ponto de partida duas fontes literárias: a peça O Senhor Puntila e seu criado Matti, de Bertolt Brecht e Raízes do Brasil, de Sérgio Buarque de Holanda, importante livro que disserta sobre a formação do caráter do homem brasileiro. As duas matrizes dialogam entre si de forma concreta na dramaturgia do espetáculo, escrita por Sérgio de Carvalho, de maneira que é possível verificar como uma obra interferiu na leitura da outra e como ambas estão presentes na dramaturgia final.