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Crítica do espetáculo Fragments

15 de julho de 2008 Traduções

Este artigo foi publicado originalmente em inglês, na revista eletrônica The British Theatre Guide

O Théâtre des Bouffes du Nord de Peter Brook está localizado numa vizinhança parisiense geralmente chamada de ‘o gueto’ ou ‘local para não-ir’. Os trens do metrô chocalham ao longo dos trilhos suspensos, passando acima de clamorosos engarrafamentos e ruas transbordando de aglomerações multiculturais. Os gentis aromas dos restaurantes indianos e das mercearias africanas podem ser sentidos na brisa. Dentro do edifício, o auditório não-reformado da companhia, com paredes marcadas e uma cúpula esplêndida e despida de ornamentos, se parece mais com uma catedral devastada pela guerra do que com o teatro burguês coberto de ouro e veludo que foi no século XIX. Há algo de majestoso nos restos desfarelados do procênio feito de pedra e nas paredes descobertas. O espaço tem o ar de uma Hécuba envelhecida após o saqueio de Tróia, a cabeça ainda erguida, e o que se perdeu em ouro e veludo foi ganho em calma, em dignidade sem adornos.

Fragments no Bouffes du Nord: um Beckett longe dos clichês

15 de julho de 2008 Traduções

A crítica de Jean-Pierre Thibaudat foi publicada originalmente no blog Balagan, no site Rue 89, em março de 2008.

Brook monta quatro pequenos sopros de Beckett e faz uma boa ação para a humanidade. Eles estão lá como dois amigos que se reencontram, bebendo alguma coisa, falando de tudo e de nada, da vida que passa, rindo de tudo e de nada e, em primeiro lugar, da condição humana. Oferecendo aos espectadores a passagem de um pouco de alegria por seus caminhos durante uma hora.  É também simples, é também belo, porque é o reencontro do velho Peter e do velho Sam, dois moleques que constroem sua cabaninha, que se divertem e cochicham um segredo.

No Rio, o Teatro da Vertigem leva o espectador de barco

10 de junho de 2008 Traduções

Blog Balagan, do site Rue 89.

Tradução de Felipe Vidal

Jean-Pierre Thibaudat é escritor e jornalista. Publicou recentemente uma biografia do dramaturgo Jean-Luc Lagarce, Le Roman de Jean-Luc Lagarce, pela editora Les Solitaires Intempestifs, e um ensaio sobre a sua obra intitulado Jean-Luc Lagarce, pela editora Cultures France. É conselheiro artístico do festival Passages à Nancy e escreve regularmente para o blog Balagan, no site Rue 89, onde a crítica do espetáculo BR-3 foi publcada originalmente.

O espectador emancipado

10 de maio de 2008 Traduções

De Jacques Rancière

Tradução de Daniele Avila Small

Artigo publicado originalmente em inglês na revista ArtForum de março de 2007.

Eu chamei esta conversa de O espectador emancipado. A meu ver, um título é sempre um desafio. Ele apresenta o pressuposto de que uma expressão faz sentido, de que há uma conexão entre termos separados, o que também significa entre conceitos, problemas e teorias que à primeira vista não parecem ter qualquer relação direta entre si. De um modo, este título expressa o quanto fiquei perplexo quando Mårten Spångberg me convidou para dar a palestra que deve ser a “linha diretriz” desta escola. Ele disse que queria que eu iniciasse esta reflexão coletiva sobre “a condição do espectador” porque ele ficara impressionado com o meu livro O mestre ignorante [(Le Mâitre ignorant (1987)]. Eu comecei a me perguntar que conexão poderia haver entre a causa e o efeito. Esta é uma escola que reúne pessoas envolvidas no mundo da arte, do teatro e da performance para pensar a questão da condição do espectador hoje em dia. O mestre ignorante foi uma reflexão sobre a teoria excêntrica e o destino estranho de Joseph Jacotot, um professor francês que, no início do século XIX, agitou o mundo acadêmico ao afirmar que uma pessoa ignorante poderia ensinar a outra pessoa ignorante o que ela mesma não conhecia, proclamando a igualdade de inteligências e exigindo a emancipação intelectual no lugar da sabedoria recebida no que diz respeito à educação das classes mais baixas. Sua teoria caiu no esquecimento em meados do século XIX. Achei necessário reavivá-la nos anos 1980 para instigar o debate sobre a educação e suas balizas políticas. Mas que uso pode ser feito, no diálogo artístico contemporâneo, de um homem cujo universo artístico poderia ser resumido a nomes como Demóstenes, Racine e Poussin? 

A obra de arte julga: o crítico no cambiante cenário teatral

10 de abril de 2008 Traduções

Este artigo foi publicado originalmente em inglês, em novembro de 2000, na revista New Theatre Quarterly (NTQ 64, VOL XVI, PART 4). Josette Féral é crítica, teórica e professora na École Supérieure de Théâtre de l’UQAM, em Montréal, no Canadá, desde 1981.

“Os críticos julgam a obra de arte e não se dão conta de que a obra de arte julga os críticos.”
Jean Cocteau

O exemplo do esporte: A Copa do Mundo de julho de 98

Domingo, 12 de julho de 1998. A final da Copa do Mundo traz a França contra o Brasil. A França está ganhando de 3 a 0. Em poucos minutos, o jogo vai acabar. Pela primeira vez na História, contra todas as previsões dos críticos de esporte, a França está quase ganhando o jogo e, assim, entrando para o clube muito seleto de vencedores da Copa do Mundo. A exaltação do povo francês é sem precedentes: com um milhão e duzentas mil pessoas no Champs Elisées, a França se identifica totalmente com este time a que chamam “Les Bleus” e que reúne jogadores brancos, marrons e negros. 

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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