Autor Viviane da Soledade

Teatro Oficina Uzyna Uzona: tensão entre o interior e o exterior

10 de abril de 2009 Estudos

“ Minha vida se viu confundida com esse lugar que virou o meu destino.”
José Celso Martinez Corrêa 

Não é, talvez, por acaso que a arquiteta italiana Lina Bo Bardi [1] ao sair da Bahia para morar em São Paulo comece a trabalhar com o grupo Oficina e a produzir cenários para as encenações do grupo e que, a partir de 1982, comece a trabalhar no projeto do seu terceiro e último espaço cênico. Na ocasião da elaboração desse espaço, o grupo já tinha uma trajetória de mais de vinte anos, porém ainda buscava novos desafios e formas diferentes de se pensar e de fazer teatro. Ao mesmo tempo em que as características da arquitetura do Teatro Oficina Uzyna Uzona [2] são coerentes com a prática teatral do grupo, também são recorrentes em outras concepções espaciais da arquiteta. Esses pontos de convergência serão analisados e confrontados com a concepção artística de Lina Bo Bardi e a de José Celso Martinez Corrêa. 

A rua como contingência teatral

10 de abril de 2009 Críticas
Foto: divulgação.

A Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz de Porto Alegre se apresentou na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, no dia 15 do mês de abril às 15h. A direção e o texto do espetáculo O amargo santo da purificação foram criados pelo grupo tendo como mote a trajetória do militante do Partido Comunista Carlos Marighella, que dedicou-se à causa dos trabalhadores, da independência nacional e do socialismo durante o período de maior repressão imposta pelas ditaduras de Getúlio Vargas e militar. O espetáculo assume uma linguagem alegórica para dar conta dessa trajetória e o numeroso elenco determina a estrutura coral. A história de Marighella é contada principalmente em forma de música e o roteiro se fundamenta em marcos históricos da vida do personagem.

O registro de um Krapp

15 de outubro de 2008 Críticas
Ator: Sérgio Brito. Foto: divulgação.

A dramaturgia da peça A última gravação, de Samuel Beckett, nos apresenta um velho homem numa relação com seu gravador, através do qual se escuta os seus depoimentos registrados em diversas fases da sua vida. A cada ano o personagem Krapp escuta alguns destes depoimentos, nos quais ele não se reconhece mais. À medida que ele escuta as suas gravações, e percebe que já não possuem mais a mesma importância, vão sendo desdobradas várias vozes díspares dentro de uma estrutura monológica.

Teatro Oficina: um espaço metonímico

10 de junho de 2008 Estudos

“No espaço que funciona metonimicamente, um caminho percorrido pelo ator representa, sobretudo, uma referência ao espaço da situação teatral; como parte pelo todo, refere-se ao espaço real do palco e, a fortiori, do teatro e do espaço circundante como um todo”[1]

No capítulo designado ao estudo do espaço dramático e pós-dramático, do livro Teatro Pós-dramático de Hans-Thies Lehmann, é criado um contraponto entre ambas as noções a partir do princípio espacial que foi se configurando após a crise do drama. Para Lehmann o espaço dramático se constitui numa condição espacial mediana entre o intimismo e a imensidão. Essas seriam umas das prioridades para a realização do espelhamento, tão caro ao drama, que se estabelece na relação entre o palco e o espectador por meio da identificação do que vê com o que está sendo visto. Então, uma das condições necessárias para que o drama ocorra acaba por ser uma demanda espacial em que, além de mediana, deve ser isolada, independente e com uma identidade própria do que está sendo apresentado em relação ao mundo daquele que assiste. Somente com essa isolação entre palco e platéia bem definida que esse processo de identificação ocorre, pois assim a separação espacial entre a emissão e a recepção acontece de fato e propicia o espelhamento. Pensando na interferência que a aproximação e o distanciamento do espectador da cena tem para a recepção teatral, Lehmann afirma que:

Conversa com Sidnei Cruz

8 de abril de 2008 Conversas

Cumprindo sua primeira temporada na Rua do Mercado, Rio de Janeiro, o espetáculo “Onde você estava quando eu acordei?”, de Sidnei Cruz, foi inicialmente inspirado pelo clássico feminista, SCUM Manifesto, de Valerie Solanas. Em cena somente duas atrizes: Cristina Flores e Márcia do Valle. Na conversa transcrita a seguir, Cruz traça o seu processo como autor e diretor do espetáculo. Como assistente de direção do mesmo espetáculo, eu faço uso do acompanhamento do processo para questioná-lo sobre: a simultaneidade da configuração textual e cênica, a relação do diretor com o seu texto, a espacialidade, a recepção, entre outras coisas.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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