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Uma reavaliação das posturas individuais
Uma interrogação essencial a atravessar as estruturas da peça Oxigênio, da Companhia Brasileira, é de que modo o ator pode se colocar legitimamente no palco, diante do autor das palavras que profere, do colega com quem contracena e, em última instância, do público.
O texto do dramaturgo russo Ivan Viripaev exige esse autoquestionamento, na medida em que derruba as roupagens com que um ator costuma se travestir ao assumir um papel. Faz com que os personagens catalisadores do espetáculo, um assassino passional e sua musa cúmplice, se esfacelem, sobrevivendo apenas como artifícios para proveito dos narradores. Estes, à sua vez, também se desmantelarão.
O exasperante som do sofrimento
“Depressão é ódio”. Esta conclusão, uma das externadas pela personagem de Psicose 4h48 (última peça da falecida dramaturga Sarah Kane), parece ter, em alguma medida, norteado o trabalho do diretor Marcos Damaceno, no que se refere ao registro de atuação ambicionado para Rosana Stavis. Damaceno procurou fazer com que a atriz buscasse modos de dizer o texto que evidenciassem, em especial, a raiva diante de um sofrimento exasperante em sua constância infinita. Como um ruído que não desaparece, uma interferência que não cessa. Ainda que fique a impressão de que determinados trechos ganhariam com um pouco mais de contenção, a opção é bastante defensável.