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Memória afetiva de um amor esquecido

10 de maio de 2008 Processos
Atores: Saulo Rodrigues, José Karini e Ângela Câmara. Foto: divulgação.

A pesquisa teórica para esse espetáculo, inspirado no filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças, de Michel Gondry e, também, no universo cinematográfico do roteirista Charlie Kaufman, partiu da análise dos conceitos de identidade e de memória.

Para os filósofos empiristas ingleses do século XVIII, é a prática do diálogo interno o que garante, para nós mesmos, que somos unos e portadores de uma determinada identidade. E essa crença, segundo eles, é fundamental para que não percamos, a cada momento, nossas referências. Essa prática, portanto, seria a responsável pela manutenção de nossa sensação de identidade. Outra forma de garantir coerência para o eu, ainda segundo os empiristas, seria a da associação de idéias, onde a noção de causalidade imprimiria ordem e regularidade ao fluxo mental e permitiria que, a despeito da variedade e do movimento que caracteriza esse fluxo, ele seja percebido como simples e contínuo. Em outras palavras, somos mudança e movimento e temos que permanecer os mesmos.

Adaptando a partir do dissenso

15 de março de 2008 Processos

No filme Adaptação, do ano de 2002, Nicolas Cage vive um personagem atormentado por uma questão que considera existencial: pressionado para escrever um roteiro baseado num livro de sucesso, ele resiste aos apelos do chefe e do irmão para que ceda aos esquemas de construção dramatúrgica reproduzidos em massa pelos roteiros hollywoodianos, pois deseja escrever algo significativo, que seja fiel à qualidade lírica do romance a ser adaptado. O filme mostra sua busca enlouquecida para fugir das facilitações, para alcançar uma linguagem verdadeiramente autoral.

Um jogo de referências

15 de março de 2008 Processos

A companhia de teatro carioca Os dezequilibrados está em processo de trabalho. E eu me perguntei qual seria a melhor forma de escrever sobre algo que está em preparação, que ainda não se deu a ver. O registro que temos deste tipo de abordagem é, de certa forma, elogioso e instiga a formação de um público para o espetáculo. Mas este modo não parece apropriado tendo em vista uma analogia com o que o crítico de arte Clement Greenberg diz dos riscos do que é tradicional em arte: “um registro permanece vivo desde que as expectativas continuem a ser expandidas”. Isto interfere aqui no sentido de que o contato com o processo de um espetáculo cria certas expectativas. Poder vê-las formalizadas mais adiante completa o que Greenberg consideraria satisfação. Digo isto porque meu foco neste texto está relacionado com a expansão das expectativas em relação ao teatro, e às potencialidades da linguagem teatral de desenvolvimento do gosto do espectador.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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