A companhia de teatro carioca Os dezequilibrados está em processo de trabalho. E eu me perguntei qual seria a melhor forma de escrever sobre algo que está em preparação, que ainda não se deu a ver. O registro que temos deste tipo de abordagem é, de certa forma, elogioso e instiga a formação de um público para o espetáculo. Mas este modo não parece apropriado tendo em vista uma analogia com o que o crítico de arte Clement Greenberg diz dos riscos do que é tradicional em arte: “um registro permanece vivo desde que as expectativas continuem a ser expandidas”. Isto interfere aqui no sentido de que o contato com o processo de um espetáculo cria certas expectativas. Poder vê-las formalizadas mais adiante completa o que Greenberg consideraria satisfação. Digo isto porque meu foco neste texto está relacionado com a expansão das expectativas em relação ao teatro, e às potencialidades da linguagem teatral de desenvolvimento do gosto do espectador.