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A interdisciplinaridade e a crítica
Este texto surge da fala que proferi durante o 1o Encontro Questão de Crítica, realizado em novembro de 2011, no Galpão Gamboa.
Um contexto: o que forma uma categoria?
Começo o texto pelo contexto. E o contexto que escolho para pensar a interdisciplinaridade e a crítica vem de duas palavras que me orbitam o pensamento: disciplina e categoria. Entendo disciplina como um treino ordenador. Entendimento empírico que surge dos procedimentos que experimento na sala de ensaio. Quando estamos na sala construímos fluxos – pré-acordados ou não – que quanto mais se repetem mais ordenam a forma com que o treinamento corporal se dá. 1. Como fluxo, disciplina é uma noção de movimento. 2. Como repetição, disciplina é o que há de comum nesses movimentos e esse comum nos ordena. 3. Como fluxo repetitivo, esses movimentos trazem entre si não só o que há de comum, mas também diferenças que lhe escapam, pois em toda repetição, há sempre a diferença que escapa. Essa diferença é potencialmente a subversão do comum, e é o que faz da disciplina passível de mudança, seja pela sua exaustão (não tenho mais porque seguir fazendo o que faço) ou por seu desenvolvimento (depois de tanto fazer igual decidi ou comecei a fazer diferente). De toda forma, penso, disciplina é movimento.
Memória afetiva de um amor esquecido

A pesquisa teórica para esse espetáculo, inspirado no filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças, de Michel Gondry e, também, no universo cinematográfico do roteirista Charlie Kaufman, partiu da análise dos conceitos de identidade e de memória.
Para os filósofos empiristas ingleses do século XVIII, é a prática do diálogo interno o que garante, para nós mesmos, que somos unos e portadores de uma determinada identidade. E essa crença, segundo eles, é fundamental para que não percamos, a cada momento, nossas referências. Essa prática, portanto, seria a responsável pela manutenção de nossa sensação de identidade. Outra forma de garantir coerência para o eu, ainda segundo os empiristas, seria a da associação de idéias, onde a noção de causalidade imprimiria ordem e regularidade ao fluxo mental e permitiria que, a despeito da variedade e do movimento que caracteriza esse fluxo, ele seja percebido como simples e contínuo. Em outras palavras, somos mudança e movimento e temos que permanecer os mesmos.