Atores: Saulo Rodrigues, José Karini e Ângela Câmara. Foto: divulgação.

A pesquisa teórica para esse espetáculo, inspirado no filme Brilho eterno de uma mente sem lembranças, de Michel Gondry e, também, no universo cinematográfico do roteirista Charlie Kaufman, partiu da análise dos conceitos de identidade e de memória.

Para os filósofos empiristas ingleses do século XVIII, é a prática do diálogo interno o que garante, para nós mesmos, que somos unos e portadores de uma determinada identidade. E essa crença, segundo eles, é fundamental para que não percamos, a cada momento, nossas referências. Essa prática, portanto, seria a responsável pela manutenção de nossa sensação de identidade. Outra forma de garantir coerência para o eu, ainda segundo os empiristas, seria a da associação de idéias, onde a noção de causalidade imprimiria ordem e regularidade ao fluxo mental e permitiria que, a despeito da variedade e do movimento que caracteriza esse fluxo, ele seja percebido como simples e contínuo. Em outras palavras, somos mudança e movimento e temos que permanecer os mesmos.