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Concretude atravessada pela subjetividade

O trânsito entre a afirmação e a suspensão do realismo está na base de A propósito de Senhorita Julia, encenação que localiza no Brasil do século XXI a história da personagem-título, escrita por August Strindberg no final do século XIX. Walter Lima Jr. e José Almino também utilizaram outra apropriação do original de Strindberg, realizada pelo dramaturgo Patrick Marber, que transportou a ação para a Inglaterra da década de 40 do século XX.
Imagem e discurso

O espetáculo Todo o tempo do mundo, realizado pelo Studio Stanislavski, instala a cena e a platéia dentro do palco do Teatro Maria Clara Machado, formando um outro espaço circular. A cenografia de José Dias intervém efetivamente no ambiente, criando um novo lugar. O espaço de atuação se descola da arquitetura daquele teatro. No centro, um tablado redondo que gira sobre o seu próprio eixo é o suporte para a linha diretriz da trama: o tempo em que um homem ficou preso, os sonhos que teve, sua relação com estes sonhos e a conclusão que se pode tirar desta história. Em torno do pequeno círculo/cela, outro se forma pela disposição intercalada de cadeiras para o público e espaços para as cenas. A divisão entre estes espaços é feita por um véu escuro e pela iluminação. As cenas que acontecem nestes espaços, que às vezes se assemelham a pequenos nichos, apresentam os sonhos do homem que está deitado em seu catre – percebemos esta relação logo de início pois as cenas no círculo exterior só acontecem enquanto o personagem que está no centro dorme.