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O espectador como cúmplice
José Sanchis Sinisterra é, com certeza, um dos responsáveis pela ampliação do conceito de dramaturgia. Autor teatral, vem formulando em seus textos uma reflexão sobre o que talvez se possa chamar de escrita do ator. A difusão de seu trabalho no Brasil deve ser, em boa parte, creditada ao contato com encenadores como Aderbal Freire-Filho e Christiane Jatahy. Em uma conversa com Daniel Schenker, Sinisterra fala sobre o desejo de ativar o espectador, de elevá-lo ao posto de coautor da cena, do intercâmbio entre teatro e literatura (e outros campos, como a ciência) e da conexão com o Stanislavski do Método das Ações Físicas.
Sobre cânones e bruxas
A montagem de um texto como Macbeth, que tem não apenas um sem fim de estudos na sua história, mas também carrega consigo uma série de expectativas por parte dos espectadores, acaba por colocar os artistas envolvidos numa situação um tanto particular. Parece que todo o mundo tem uma opinião prévia sobre como se deve (ou como não se deve) fazer Macbeth. A liberdade de criação, a escolha de uma leitura mais radical, ficam às vezes tolhidas pela carga de conhecimento que é exigida de quem vai fazer e que serve de arma – e de escudo – para quem vai assistir. Diferentemente da criação de um espetáculo que desenvolve sua própria dramaturgia e estabelece suas próprias premissas, a realização de uma montagem de um clássico esbarra nessa rede de preconceitos que envolve a todos: espectadores, críticos e artistas.
Um Hamlet em sintonia com o teatro de hoje
Hamlet, a mais célebre tragédia de William Shakespeare, é um veículo privilegiado para o diretor Aderbal Freire-Filho lançar questões bastante pertinentes em relação ao teatro contemporâneo. Esta perspectiva desponta, sobretudo, na passagem em que o personagem-título faz uma série de indicações aos atores de sua peça.