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Uma encenação na frontalidade

A encenação dirigida por Moacir Chaves de O retorno ao deserto, texto de Bernard-Marie Koltès, produz um continente tensionado pelas noções de superfície e profundidade por meio da opção de valorização da palavra como vetor da teatralidade. Essa tem sido, em uma boa medida, uma das investidas observáveis no trabalho do diretor, que cria zonas de contrastes para a recepção, construídas por um movimento de aproximação e de distanciamento que abre espaço para o jogo reflexivo. A ideia de uma teatralidade pautada pelo texto orientou fortemente o teatro ocidental, mas foi paulatinamente desconstruída em favor dos demais elementos da representação teatral na contemporaneidade. Assim, O retorno ao deserto aparece como um objeto constituinte de uma historicidade teatral, na razão própria de seu deslocamento.
Resgate de um olhar apurado

Décadas atrás engenheiros estudavam o que seria a projeção arquitetônica de nosso tão distante século XXI. Naves espaciais nos levariam à lua com a regularidade de um avião, robôs, carros voadores, casas de vidro com comandos de voz, muitas construções de ferro, tubulares e aparelhos eletrodomésticos inimagináveis. Um dos bons exemplos disso, no campo das ideias artísticas, foi a série de desenho animado da Hanna-Barbera: “Os Jetsons” (The Jetsons no original), que povoou o nosso imaginário popular coletivo na década de 60. Entretanto nenhum deles, em suas projeções mais otimistas, conseguiu vislumbrar este mundo futurista, pós-contemporâneo, com mares, oceanos, árvores, matas ou estrelas. As cores verde e azul eram ignoradas com frequência da paleta de cor destes “arquitetos do futuro”, devido à total ausência de função em nosso planeta High Tech do “amanhã”.