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A noção de corpo-sem-órgãos em Artaud e no Teatro da Crueldade

19 de março de 2010 Estudos

1) Um homem que inquietou os homens

Antonin Artaud empenhou sua vida para expressar uma visão acerca da “verdadeira e imortal liberdade”. Dedicou seu corpo a um fazer teatral que anunciava a amplitude de se viver livre – um teatro ritual que extraía o indivíduo dos liames que o ancorava, que chocava e proporcionava um desejo de viver. Parece-me que ele mesmo fugia do juízo como se estivesse atolado em um pântano de piche. Completamente imerso nessa armadilha viscosa, Artaud elaborou um plano de purificação para gerar um novo corpo que não era nem humano nem metafísico, e ainda, refratário e autônomo, um corpo de resistência e intensidades: o corpo sem órgãos.

A comédia da embriaguez

26 de fevereiro de 2010 Estudos

Trecho adaptado do livro “Réquiem à infância: um estudo sobre Um sábado em 30 e Viva o cordão encarnado, de Luiz Marinho”

Cachaça! Também conhecida como aguardente, cana, ou caninha. Esses são alguns dos sinônimos mais comuns empregados na denominação deste destilado brasileiro. Seus nomes são múltiplos, proteicos, infinitos. Refletem as metamorfoses da bebida desde sua introdução no Brasil no séc. XVI até à atualidade. Transformações que abrangem tanto o seu modo de preparo quanto o uso e os ritos que lhe são veiculados no decorrer dos séculos e nas distintas geografias em que se estabelece: da farmacopeia e dietética do Brasil colônia, a cachaça é absorvida na liturgia das religiões indo-afro-brasileiras, sendo utilizada tanto por médicos, no período colonial, quanto por curandeiros e benzedeiros ainda hoje; inicialmente, de guloseima dos animais de tração transforma-se em aperitivo de pobre e, posteriormente, ascende ao status de bebida elegante made in Brazil com exóticas batidas para gringo degustar e burguês esnobar. E, ao mesmo tempo, torna-se também uma bebida cult entre a intelligentsia, artigo de exportação da brasilidade. Cachaça, síntese da identidade brasileira.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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