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Sobre crítica e nomes
Vol. IX, nº 67 abril de 2016 :: Baixar edição completa em PDF
Resumo: O artigo reflete sobre a autoria e sua ressonância na história da crítica teatral no Brasil, a partir do pensamento de Michel Foucault sobre o nome de autor e o discurso. Relaciona esta reflexão com o paralelo entre crítica e crônica proposta por Maria Cecília Garcia, a despeito da crítica jornalística, no livro Reflexões sobre a crítica teatral nos jornais – Décio de Almeida Prado e o problema da apreciação da obra artística no jornalismo cultural e, ao fim, faz alguns apontamentos sobre o atual cenário da crítica teatral estabelecida na internet.
Palavras-chave: crítica teatral, nome de autor, discurso
Abstract: The article reflects on the authorship and its resonance in the history of theater review in Brazil, from the thought of Michel Foucault on the name of the author and speech. Relates this reflection with the parallel between critical and chronic proposed by Maria Cecilia Garcia , despite the journalistic criticism in the book Reflexões sobre a crítica teatral nos jornais – Décio de Almeida Prado e o problema da apreciação da obra artística no jornalismo cultural. Finally, make some notes about the current scenario of the theater review in the internet.
Keywords: theater review, author name, speech
A crítica é um discurso sobre um discurso.
Roland Barthes
O que fazer com o próprio nome
Não é sobre o nome próprio, mas sobre o nome que assina, o nome do autor. No entanto, a grafia pode ser a mesma. E a quem interessa esta distinção? Até aqui, a quem escreve, no caso, eu. Compreender esta diferença implica em distinguir lugares de escrita e possibilidades enunciativas, significa tomar uma posição em relação ao que se quer dizer (escrever) e, principalmente, ao como dizer.
A crítica sem juízo: entre o cânone e o consenso
Vol. IX, nº 67 abril de 2016 :: Baixar edição completa em PDF
Resumo: Este ensaio tem por objetivo pensar o campo da crítica de arte nos últimos vinte anos. E, de modo especial, a crítica teatral diante do diagnóstico de esvaziamento e perda de força com que se depara, seja com a redução do espaço da crítica nos veículos de comunicação de massa, seja o lugar de estabilidade entre o cânone e o consenso que parece caracterizar os exercícios críticos recentes.
Palavras-chave: crítica, recepção, juízo estético, cânone, consenso
Abstract: This essay aims to discuss the field of art critique in the last twenty years. The discussion focus especially in the theater critic, faced with the diagnosis of the latest draining and loss of strength that confronts it, either by reducing the critical space in the mainstream media, either by the place of stability between the canon and the consensus that seems to characterize the recent critical exercises.
Keywords: critical reception, aesthetic judgment, canon, consensus
“O crítico é um leitor que rumina. Deveria, por isso, ter mais de um estômago.”
Friedrich Schlegel
Espaço Outro
Espaço Outro é uma peça de gabinete, processo estranho à maioria dos criadores contemporâneos. A observação do espaço urbano, mais especificamente do centro da cidade, intercalou algumas fases da criação. Os ensaios tomaram pouquíssimo tempo. Foi à base de café que eu, Emanuelle Sotoski e Rubia Romani construímos esta obra.
O primeiro café deste processo foi tomado no Café Fingen, ao lado do Teatro Guaíra de Curitiba, onde o grupo Couve-Flor fazia Infiltrações. Tratava-se de uma intervenção na qual o público recebia por escrito um roteiro de ações executadas pelos artistas em qualquer lugar visível a partir das cadeiras do Café, do balcão à Praça Santos Andrade. Um homem procurava emprego em um jornal do outro lado da rua enquanto uma mulher vestida de verde e com os cabelos molhados pedia sorvete de pistache no balcão; e nós sabíamos antecipadamente que tudo isso aconteceria por causa daquele objeto vidente que havia nos sido entregue. O café trivial tornou-se mágico, todo o ambiente real tomou proporções ficcionais: as pessoas atravessando a faixa de pedestres com o intenso movimento das seis e meia era uma linda coreografia de balé. Junto comigo, estava a Manu, também integrante da ACRUEL.
O que é, mais uma vez, a crítica?
Problemática, polêmica, ameaçada de falência e de estar à margem do seu próprio universo de atuação, ela não se cala. Sob olhares desconfiados por todos os lados ela permanece, há séculos, como pedra, sobrevivendo aos que não lhe querem. Maldita, é infalível e independente. Se não há mais lugar para ela aqui, encontra acolhimento ali, transita, transmuda, se move. A crítica não está falida, não está morta e pertence mais ao mundo da arte do que muitos eventos que se autodenominam artísticos. Ela está apenas em crise. Bom para ela: este é o seu habitat natural.
Podemos nos perguntar “o que é a crítica?” e formular respostas diversas, calcadas na etimologia, nas origens históricas do seu surgimento, na aplicação do termo em estudos filosóficos. De qualquer forma, seria difícil não concluir que a crítica é característica indissociável do pensamento do homem moderno. A atitude crítica é uma forma de estar no mundo que é própria ao nosso tempo. Enquanto estivermos por aqui, ela também vai estar. E sempre que houver algum tipo de soberania em jogo, ela vai ser um problema.