Autor Diego Reis
A crítica sem juízo: entre o cânone e o consenso
Vol. IX, nº 67 abril de 2016 :: Baixar edição completa em PDF
Resumo: Este ensaio tem por objetivo pensar o campo da crítica de arte nos últimos vinte anos. E, de modo especial, a crítica teatral diante do diagnóstico de esvaziamento e perda de força com que se depara, seja com a redução do espaço da crítica nos veículos de comunicação de massa, seja o lugar de estabilidade entre o cânone e o consenso que parece caracterizar os exercícios críticos recentes.
Palavras-chave: crítica, recepção, juízo estético, cânone, consenso
Abstract: This essay aims to discuss the field of art critique in the last twenty years. The discussion focus especially in the theater critic, faced with the diagnosis of the latest draining and loss of strength that confronts it, either by reducing the critical space in the mainstream media, either by the place of stability between the canon and the consensus that seems to characterize the recent critical exercises.
Keywords: critical reception, aesthetic judgment, canon, consensus
“O crítico é um leitor que rumina. Deveria, por isso, ter mais de um estômago.”
Friedrich Schlegel
14.654 Tróias
![SobreTroias](http://www.questaodecritica.com.br/wp-content/uploads/2013/08/SobreTroias-87-800x533-590x393.jpg)
Sentei-me sem perguntas à beira da terra,
e ouvi narrarem-se casualmente os que passavam.
Tenho a garganta amarga e os olhos doloridos:
deixai-me esquecer o tempo,
inclinar nas mãos a testa desencantada,
e de mim mesma desaparecer,
— que o clamor dos homens gloriosos
cortou-me o coração de lado a lado.
(Cecília Meireles. In: Mar Absoluto)
Guerras: Médicas; Púnicas; Hussitas. Das Rosas; Do Peloponeso; De Secessão e Sucessão. Dos 100, 13, 30 ou 80 anos. Mundiais. Ao longo de milênios, 14.654 guerras, – em permanente expansão numérica: intermitentes, ilimitadas, diplomáticas, de guerrilha; civil, revolucionária, subversiva, fria; nuclear, biológica ou química. A história do homem é também a história das guerras.
Retornar à Guerra de Troia, a mais emblemática das guerras de que se tem notícia. Embarcar em naus rumo aos episódios legendários, que nos chegaram pela via da poesia épica de Homero, de existência tão controversa e enigmática quanto à autoria de suas obras, inauguradoras da literatura ocidental: a Ilíada e a Odisseia.