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Os fofos encenam o popular
Vol. VII, nº 62, junho de 2014
RESUMO: O texto pretende estabelecer pontos de aproximação e de afastamento que o espetáculo Assombrações do Recife Velho estabelece com a noção tradicional de cultural popular. Esta noção, por sua vez, possui ela mesma dificuldades de definição, e a peça da companhia Os Fofos Encenam se insere precisamente como ponto de articulação dessas questões.
Palavras-chave: Os Fofos Encenam; Gilberto Freyre; Cultura popular.
ABSTRACT: The essay’s intention is to establish elements on the play Assombrações do Recife Velho in which we will find moments of convergence and divergence from the traditional notion of popular culture. In its turn, this notion presents itself difficulties concerning its own definition. The play by the Brazilian theatre company Os Fofos Encenam shows us an interesting articulation of these questions.
Key-words: Os Fofos Encenam; Gilberto Freyre; popular culture.
Leitura inscrita no espaço da cena
Em Memória da cana, a direção e a adaptação de Newton Moreno traçam uma linha sinuosa entre o Rio e o Recife, re-emoldurando as imagens do Álbum de família de Nelson Rodrigues, colocando o autor num contexto menos urbano, mais próximo às imagens de um determinado Nordeste – que nada tem em comum com o Nordeste limpo e colorido, de festa junina, que se vê com mais frequência aqui no Rio, como, por exemplo, em montagens de textos de Ariano Suassuna. O Nordeste de Memória da cana é ocre, tem cheiro de terra e de gente. A questão seminal da pesquisa do grupo Os Fofos Encenam nesse projeto parece ser a investigação, neste texto, das raízes pernambucanas do autor carimbado carioca. Com embasamento teórico e historiográfico, os artistas-criadores lançaram mão de suas memórias e de sua filiação nordestina para reescrever esse Nelson com caligrafia própria.