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A interdisciplinaridade e a crítica
Este texto surge da fala que proferi durante o 1o Encontro Questão de Crítica, realizado em novembro de 2011, no Galpão Gamboa.
Um contexto: o que forma uma categoria?
Começo o texto pelo contexto. E o contexto que escolho para pensar a interdisciplinaridade e a crítica vem de duas palavras que me orbitam o pensamento: disciplina e categoria. Entendo disciplina como um treino ordenador. Entendimento empírico que surge dos procedimentos que experimento na sala de ensaio. Quando estamos na sala construímos fluxos – pré-acordados ou não – que quanto mais se repetem mais ordenam a forma com que o treinamento corporal se dá. 1. Como fluxo, disciplina é uma noção de movimento. 2. Como repetição, disciplina é o que há de comum nesses movimentos e esse comum nos ordena. 3. Como fluxo repetitivo, esses movimentos trazem entre si não só o que há de comum, mas também diferenças que lhe escapam, pois em toda repetição, há sempre a diferença que escapa. Essa diferença é potencialmente a subversão do comum, e é o que faz da disciplina passível de mudança, seja pela sua exaustão (não tenho mais porque seguir fazendo o que faço) ou por seu desenvolvimento (depois de tanto fazer igual decidi ou comecei a fazer diferente). De toda forma, penso, disciplina é movimento.
Otro [ou] Weknowitsallornothing [ou] Ready To
O trabalho experimental do Coletivo Improviso é tão profusamente multifacetado que desafia sua própria definição, até mesmo num mundo de performances interdisciplinares. Fundado por Enrique Diaz em 1998, o coletivo de nove dançarinos, atores, músicos e um videoartist, existe para facilitar encontros criativos entre artistas de tão variadas disciplinas e formações, para providenciar um espaço comum de oficinas, aprender uns com os outros, pesquisar potenciais novas formas de codificar material e engajar os espectadores. O resultado é uma cornucópia vibrante de movimento, imagem, som e texto, cintilante de sensualidade, riso, ironia e compaixão. Confesso que eu fiquei tão encantada, que fui ver duas vezes. O espetáculo acolhe o espectador com calor e generosidade, faz com que ele vá de encontro a uma exposição enérgica e ricamente texturada da fragmentação e da confusão humanas, para deixar a todos com uma profunda sensação de que tudo está conectado. Cada indivíduo também é uma molécula numa entidade vasta, orgânica e cósmica.