Tag: Companhia Brasileira de Teatro

O embranquecimento da pretura

10 de fevereiro de 2018 Críticas
Cássia Damasceno e Grace Passô. Foto: Nana Moraes.
Cássia Damasceno e Grace Passô. Foto: Nana Moraes.

 

Escrevo esse texto a convite da revista Questão de Crítica.
Esse texto não é uma crítica sobre preto.
Preto merece uma crítica detalhada sobre o que preto mostra em cena.

Eu esperei muito tempo para ver preto no palco.
Estava muito ansiosa e cheia de expectativas.
É muita coisa pra se esperar de um espetáculo trazido pela companhia brasileira de teatro chamado preto.
Das dezessete montagens da companhia BRASILEIRA de teatro, apenas três tiveram atores pretos no elenco.
Somente uma dessas três montagens aconteceu antes da chegada de Grace Passô. Nessa primeira montagem, a atriz preta em cena era Cássia Damasceno, também produtora da companhia há anos. Essa primeira peça da companhia BRASILEIRA de teatro com uma atriz preta, só teve apresentações no exterior. No Brasil foram só ensaios abertos.
Significa.
Só agora, em preto, Cássia volta ao palco pela segunda vez com a companhia BRASILEIRA de teatro. Pela primeira vez no Brasil.

O Festival de Curitiba e o teatro da cidade

1 de novembro de 2016 Críticas

 

Claudete Pereira Jorge em Pinheiros e precipícios. Foto: Marcelo Almeida.
Claudete Pereira Jorge em Pinheiros e precipícios. Foto: Marcelo Almeida.

A proposta deste breve artigo é fazer uma reflexão sobre a edição de 2016 do Festival de Curitiba. A partir da atividade Encontros de Crítica que a Questão de Crítica e o Horizonte da Cena realizaram a convite do festival, quatro textos são publicados, cada um com um olhar diferente. A ideia de publicar os textos alguns meses depois do festival responde a uma necessidade diversa daquela que muitas vezes orienta a produção textual sobre teatro, a da resposta imediata. Com essa demora, permitimos que a mediação do tempo atue sobre a memória e nos permita pensar sobre o festival sem as implicações do calor da hora.

A atividade principal dos Encontros de Crítica foi uma série de debates feitos depois das peças. A cada dia, quatro críticos se dividiam em dois espetáculos para conversar com artistas e espectadores depois das apresentações. A ideia era propor uma aproximação entre artistas e espectadores. Pela dimensão do festival, que sempre prima por uma grande quantidade de espetáculos de toda sorte, fica muito presente a sensação do teatro como evento. O gesto de chamar para a conversa propõe outro tipo de relação espectador e obra, uma relação de escuta e de partilha, uma relação que se demora e cria vínculo. O convite para permanecer no teatro depois da peça enfatiza a importância da presença e da atenção do espectador no acontecimento do teatro, da necessidade real da troca entre artistas e espectadores.

Virá?

24 de dezembro de 2015 Críticas

Vol. VIII n° 66 dezembro de 2015 :: Baixar edição completa em pdf

Resumo: O texto pretende analisar o espetáculo Projeto brasil, peça da companhia brasileira de teatro, de Curitiba, sob a perspectiva da relação com o espectador, a partir dos conceitos de interpelação e apreensão dos atos de fala de J. L. Austin, das ideias de Althusser e Judith Butler. O texto também aborda a obra como uma síntese e um ponto culminante do trabalho autoral do grupo.

Palavras-chave: interpelação, endereçamento, atos de fala, apreensão, dramaturgia contemporânea

Abstract: The text aims to analyze Projeto brasil, a play by companhia brasileira de teatro, a theatre group from Curitiba, Brazil, studying the relationship the plays proposes to the spectator regarding the concepts of interpellation and uptake in J. L. Austin’s speech acts as well as in the ideas of Althusser and Judith Butler. The article also approaches the work as a synthesis and a high point in the authorial trajectory of the group.

Keywords: interpellation, addressing, speech acts, uptake, contemporary dramaturgy

 

Se eu pergunto e vocês me respondem,

alguém me responde,

podemos começar o diálogo.

Vida, companhia brasileira de teatro

 

Em 2013, em Belo Horizonte, participando do Festival Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, assisti a uma cena da companhia brasileira de teatro, com duração de quinze minutos, intitulada Taubira, criada para o festival como demonstração de processo de criação ou como uma experimentação a partir de uma pesquisa do grupo. A cada um dos três dias de festival, depois das apresentações dos grupos locais, assistíamos a uma cena de uma companhia convidada. O grupo Clowns de Shakespeare já tinha apresentado uma bela homenagem ao teatro, cheia de referências à trajetória do Grupo Galpão. A cena da brasileira ficou para o último dia e acabou acontecendo como uma celebração dos encontros do festival.

O teatro, o cinema e a pintura; a presença, a atenção e a escuta

31 de agosto de 2015 Críticas

Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015

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Resumo: Análise da peça Krum, do dramaturgo israelense Hanoch Levin com encenação de Marcio Abreu, que estreou no Rio de Janeiro em 2015. A crítica procura identificar procedimentos da encenação que conseguem capturar um estado de atenção no espectador e sua disponibilidade para a escuta.

Palavras-Chave: dramaturgia contemporânea, encenação teatral, recepção teatral

Abstract: Analysis of Krum, a play by Israeli playwright Hanoch Levin staged by Marcio Abreu, which premiered in Rio de Janeiro in 2015. The review aims to identify procedures of the staging of the play that succeeds in capturing the spectator’s state of attention and his willingness to listening.

Keywords: contemporary drama, theatre staging, theatrical reception

 

Depois da estreia no Oi Futuro Flamengo no Rio de Janeiro e da temporada no Sesc Consolação em São Paulo, muito já foi dito sobre a relevância e as qualidades de Krum, espetáculo mais recente da companhia brasileira de teatro (o grupo usa letras minúsculas no seu nome). Se pensássemos a crítica como um mero mecanismo para apontar trabalhos bons e ruins, seria irrelevante publicar mais uma crítica de Krum – a não ser que se quisesse problematizar a quase unanimidade da recepção da peça. Não é o caso desse texto. O que se quer com essa reflexão é procurar entender os porquês, tentar identificar o que acontece na cena, na materialidade do espetáculo, que garante uma espécie de eficácia na relação com o espectador. Eficácia não é um termo confortável, mas vamos assumir o risco. A proposta aqui é identificar dispositivos da cena e tentar entender como eles afetam o espectador – como são efetivos em causar impacto, capturando a atenção e instituindo uma disponibilidade para a escuta.

Krum: hebdomadário do processo

31 de agosto de 2015 Processos

Vol. VIII, nº 65, agosto de 2015

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Resumo: O texto apresenta e discute as questões dramatúrgicas surgidas ao longo das três primeiras semanas de ensaios de Krum, peça de Hanokh Levin dirigida por Marcio Abreu.

Palavras-chave: Marcio Abreu, Hanokh Levin, Beckett, Strindberg

Abstract: The text presents and discusses the dramaturgical questions that came to light during the first three weeks of rehearsals of Krum, play written by Hanokh Levin and directed by Marcio Abreu.

Keywords: Marcio Abreu, Hanokh Levin, Beckett, Strindberg

 

SEMANA 1 (01 a 05/12): Retratos da vulgaridade ao lirismo

Como só poderei estar presente aos ensaios duas vezes por semana, dessa vez o diário do processo não terá como ser efetivamente um diário. Será antes um hebdomadário. O seu objetivo principal é registrar os momentos que eu julgar mais importantes para a elaboração do texto sobre o processo, a ser publicado quando a peça estrear. Mas, acompanhando a primeira semana de discussão – estive presente no primeiro, no terceiro e (excepcionalmente) no quinto dia de trabalho –, fiquei com a impressão de que escrever sobre algumas das questões que apareceram pode não apenas culminar em um texto sobre o processo, mas simultaneamente em um texto para o processo. Por isso, se conseguir manter a disciplina, enviarei semanalmente aos companheiros nessa viagem pelo mundo de Krum os apontamentos que conseguir reunir.

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Questão de Crítica

A Questão de Crítica – Revista eletrônica de críticas e estudos teatrais – foi lançada no Rio de Janeiro em março de 2008 como um espaço de reflexão sobre as artes cênicas que tem por objetivo colocar em prática o exercício da crítica. Atualmente com quatro edições por ano, a Questão de Crítica se apresenta como um mecanismo de fomento à discussão teórica sobre teatro e como um lugar de intercâmbio entre artistas e espectadores, proporcionando uma convivência de ideias num espaço de livre acesso.

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